São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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Governo quer dar R$ 320 mi; grevista pede R$ 790 mi

da Reportagem Local

A aparente complexidade das negociações entre o governo e os grevistas das universidades federais pode ser resumida a um indicador muito simples: quanto isso vai significar a mais no orçamento total do MEC.
Todas as propostas feitas pelo governo, desde a retomada das negociações com os grevistas no mês passado, envolvem cerca de R$ 320 milhões ao ano -o que representaria um aumento de 13% na folha salarial dos professores das universidades federais.
As duas propostas que o comando da greve montou -e que as assembléias por instituição estão atualmente avaliando- têm um custo de R$ 790 milhões -o que teria um impacto de 33% na atual folha salarial docente.
O governo diz que sua última proposta vai produzir reajustes de 20% a 56% nos salários -dependendo da titulação e do tipo de contrato do professor. É uma meia verdade, já que esses percentuais incidem sobre a base salarial, que não inclui uma série de benefícios incorporados aos salários.
A primeira proposta dos professores é simplesmente aumentar os salários 48%. A segunda, mais parecida com a do governo, com aumentos diferenciados por nível na carreira e titulação, causaria aumentos de 20% a 76%.
Ninguém fez ainda um cálculo de quanto isso vai representar na média salarial dos professores das federais -que está atualmente igual à do setor privado.
Considerando que a média salarial é obtida a partir da divisão do total de salários pagos pelo número de professores, o percentual do aumento na média deve ficar mais próximo do impacto na folha salarial-13%, no caso do governo, e 33%, dos professores- do que nos salários isolados.
De resto, a negociação envolve visões diferentes de como desenvolver esse sistema de ensino. O governo acha que os professores devem dar mais aulas -daí defender aumentos maiores para quem se dedicar mais à graduação.
Os professores defendem aumentos maiores no piso salarial -que, para eles, está tão baixo atualmente que afasta os melhores candidatos dessa carreira.
Durante as negociações, o MEC recuou na posição de não conceder nenhum reajuste para os aposentados e para quem não tem titulação (mestre ou doutor).
O fato é que qualquer aumento terá de ser aprovado pelo Congresso -e isso tem de ocorrer até o dia 30, devido a restrições da Lei Eleitoral. (FR)


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