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Governo quer dar R$ 320 mi; grevista pede R$ 790 mi
da Reportagem Local
A aparente complexidade das
negociações entre o governo e os
grevistas das universidades federais pode ser resumida a um indicador muito simples: quanto isso
vai significar a mais no orçamento
total do MEC.
Todas as propostas feitas pelo
governo, desde a retomada das negociações com os grevistas no mês
passado, envolvem cerca de R$
320 milhões ao ano -o que representaria um aumento de 13% na
folha salarial dos professores das
universidades federais.
As duas propostas que o comando da greve montou -e que as assembléias por instituição estão
atualmente avaliando- têm um
custo de R$ 790 milhões -o que
teria um impacto de 33% na atual
folha salarial docente.
O governo diz que sua última
proposta vai produzir reajustes de
20% a 56% nos salários -dependendo da titulação e do tipo de
contrato do professor. É uma meia
verdade, já que esses percentuais
incidem sobre a base salarial, que
não inclui uma série de benefícios
incorporados aos salários.
A primeira proposta dos professores é simplesmente aumentar os
salários 48%. A segunda, mais parecida com a do governo, com aumentos diferenciados por nível na
carreira e titulação, causaria aumentos de 20% a 76%.
Ninguém fez ainda um cálculo
de quanto isso vai representar na
média salarial dos professores das
federais -que está atualmente
igual à do setor privado.
Considerando que a média salarial é obtida a partir da divisão do
total de salários pagos pelo número de professores, o percentual do
aumento na média deve ficar mais
próximo do impacto na folha salarial-13%, no caso do governo, e
33%, dos professores- do que
nos salários isolados.
De resto, a negociação envolve
visões diferentes de como desenvolver esse sistema de ensino. O
governo acha que os professores
devem dar mais aulas -daí defender aumentos maiores para quem
se dedicar mais à graduação.
Os professores defendem aumentos maiores no piso salarial
-que, para eles, está tão baixo
atualmente que afasta os melhores
candidatos dessa carreira.
Durante as negociações, o MEC
recuou na posição de não conceder nenhum reajuste para os aposentados e para quem não tem titulação (mestre ou doutor).
O fato é que qualquer aumento
terá de ser aprovado pelo Congresso -e isso tem de ocorrer até
o dia 30, devido a restrições da Lei
Eleitoral.
(FR)
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