São Paulo, sábado, 07 de julho de 2001

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TRANSPORTE

Reajuste é 15,7% superior à inflação acumulada desde agosto de 99, data da correção anterior; PT vai à Justiça

Alckmin aumenta metrô para R$ 1,60

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A tarifa do bilhete unitário de metrô em São Paulo vai subir para R$ 1,60 no próximo dia 15, domingo. Esse valor, autorizado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), representa um aumento de 14,28% em relação ao atual R$ 1,40 e ultrapassa os 12,34% de inflação medidos pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP) desde agosto de 1999, data do reajuste anterior.
Os outros bilhetes da Companhia do Metropolitano tiveram aumentos menores. O múltiplo de dois passa de R$ 2,40 para R$ 2,70 (12,5%). O múltiplo de dez, de R$ 11,50 para R$ 12,50 (8,6%). A elevação média, considerando todas as tarifas, é de 12,8%.
O aumento também vale para a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), cujas tarifas são iguais às do metrô, exceto nas linhas A/D e E/F (que sobem de R$ 1,10 para R$ 1,25).
O deputado estadual Cândido Vaccarezza (PT) disse que vai à Justiça na semana que vem, com aval de seu partido, para barrar esse reajuste. A idéia é repetir as ações de vereadores do PSDB e da Força Sindical, que tentaram impedir a elevação da tarifa do ônibus autorizada pela prefeita Marta Suplicy (leia texto abaixo).
A justificativa do governo do Estado para aumentar a passagem de metrô é a alta dos custos da empresa nos últimos dois anos, principalmente em razão do reajuste salarial de 7% dado aos metroviários na semana passada, após dois dias de greve.
Em abril, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico, disse à Folha que a situação financeira do Metrô era de equilíbrio e que um possível reajuste da tarifa seria proporcional ao aumento dado aos funcionários, que representam 72% das despesas da empresa. Pelo índice concedido aos trabalhadores, os custos da tarifa não passariam de R$ 1,50.
"De lá para cá muita coisa mudou", afirmou ontem Frederico, citando um aumento com custos de energia elétrica por causa da crise do apagão. Esses gastos, que representam 7% das despesas do Metrô, subiram 41% desde 1999.
Frederico também minimizou o impacto da alta do bilhete unitário, que, segundo ele, é utilizado por apenas 7% dos usuários que pagam a própria passagem.
O aumento anunciado pelo Estado indica uma distorção entre as tarifas e os salários dos metroviários desde julho de 1994. De lá para cá, segundo a Fipe, a inflação acumulada em São Paulo ficou em torno de 94% (considerando uma estimativa de 1% para julho).
Enquanto isso, os preços dos bilhetes (unitário, múltiplo de dois e de dez) subiram, em média, 181%. Nesse mesmo período, o piso salarial da categoria aumentou 55% (de R$ 372,19 para R$ 577,36).
O reajuste das tarifas de metrô vai adicionar 0,07 ponto percentual na taxa de inflação de São Paulo. "Parece pouco, mas é uma taxa razoável diante da previsão inicial de 4% de inflação para este ano", disse Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
A previsão de inflação de 4% para 2001 não será mais atingida, e a razão principal é a pressão das tarifas públicas. A fundação reajustou sua previsão para 5,5% nesta semana. Só tarifas públicas e preços administrados causarão uma inflação de 2,70% no período.


Colaborou Mauro Zafalon, da Redação



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