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Defesa autoriza Infraero a negociar reajuste
Condição é que estatal reduza custos operacionais para compensar o aumento; área econômica resiste a autorizar reajuste
O objetivo é evitar a paralisação dos servidores marcada para a próxima semana, às vésperas
do início do Pan, no Rio
VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Defesa autorizou a Infraero (estatal que administra os aeroportos) a negociar reajuste salarial para seus
funcionários e evitar a greve
marcada para a próxima semana. A condição é que a estatal
reduza seus custos operacionais para compensar o aumento de gastos com pessoal.
O acordo foi feito ontem à
tarde entre o ministro da Defesa, Waldir Pires, e representantes do Ministério do Planejamento e da Infraero.
A área econômica do governo
resiste a autorizar novos reajustes salariais para não prejudicar o ajuste fiscal.
Os funcionários dos aeroportos de Cumbica (Guarulhos),
Viracopos (Campinas) e
Eduardo Gomes (Manaus) já
decidiram parar na próxima semana, às vésperas dos Jogos
Pan-Americanos, no Rio.
As assembléias dos servidores dos aeroportos de Congonhas (zona sul de São Paulo) e
Tom Jobim, Santos Dumont e
Jacarepaguá, no Rio, acontecem entre segunda e terça.
O Sina (Sindicato Nacional
dos Aeroportuários) reivindica
reajuste salarial de 33% e mais
8,2% para repor as perdas nos
salários neste ano. Segundo o
sindicato, a última negociação
com o governo resultou na proposta de aumento salarial de
4%, rejeitada pela categoria.
Na última quinta, ao saber da
intenção de greve, Pires teria
encaminhado ao Ministério do
Planejamento informação de
que haveria recursos para um
reajuste de 6%. O Sina informou que ainda não recebeu essa proposta. A data-base da categoria é maio.
Dentre os serviços que podem ser afetados por uma
eventual greve dos aeroportuários estão: atualização dos painéis eletrônicos com informações sobre vôos; embarque de
passageiros e autorizações de
pousos e decolagens de aviões.
Dos 10.600 funcionários da
Infraero, 480 são controladores de vôo civis, encarregados
dos pousos e decolagens em
Cumbica e nos três aeroportos
do Rio (Tom Jobim, Santos Dumont e Jacarepaguá).
Sem dívidas
A assessoria de imprensa da
Infraero informou que a empresa tem recursos para conceder um reajuste salarial porque
não tem dívidas. O único impasse, segundo a assessoria, seria o Planejamento.
Pires permitiu que as negociações com os servidores
acontecessem sob duas outras
condições: que a Infraero tenha
metas de desempenho e que tenha crescimento operacional
de 30% em 2007.
"A infra-estrutura precisa
crescer para acompanhar a demanda de pessoal e de cargas
no aeroporto", disse Pires.
Números do governo informam que os gastos com pessoal
da Infraero subiram 96% entre
2002 e 2006. O último aumento, em 2006, foi de 6%. Hoje, o
gasto anual por funcionário,
em média, é de R$ 4.978. Em
2002, era de R$ 2.979.
A paralisação das atividades
está marcada para começar
quarta (caso de Cumbica e Rio)
e quinta (Campinas e Manaus).
A maior preocupação do governo é que a greve possa desencadear uma série de atrasos em
vôos e atrapalhar o Pan.
"Ninguém é louco de derrubar avião, mas vamos dar suporte mínimo enquanto tiver
aeronave em vôo. Em solo é outra coisa, porque o controle de
liberação é feito por nós. Na hora em que o avião estiver no
chão, não sai", disse o diretor
do Sina Edson Fortes da Silva.
Segundo o sindicato, 30% do
pessoal permanecerá trabalhando.
Os servidores dos aeroportos
cariocas decidem sobre a adesão na próxima segunda-feira,
quando a maior parte das delegações estrangeiras do Pan começará a chegar.
De acordo com a Infraero,
6.880 atletas e membros das
delegações vão desembarcar
em São Paulo e fazer conexão
com destino ao Rio. Os vôos direto ao Rio somam 3.633 pessoas. No total, o Pan contará
com 5.500 atletas.
Funcionários de Congonhas
se reunirão na terça.
A expectativa do sindicato,
segundo Silva, é paralisar 44
dos 67 aeroportos administrados pela Infraero.
Colaboraram KLEBER TOMAZ, da Reportagem
Local, JANAINA LAGE e FÁBIO GRIJÓ, da Sucursal do Rio, LUÍS FERRARI, enviado especial
ao Rio, e MAURÍCIO SIMIONATO e RENATA BAPTISTA, da Agência Folha
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