São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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Defesa autoriza Infraero a negociar reajuste

Condição é que estatal reduza custos operacionais para compensar o aumento; área econômica resiste a autorizar reajuste
O objetivo é evitar a paralisação dos servidores marcada para a próxima semana, às vésperas do início do Pan, no Rio


VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Defesa autorizou a Infraero (estatal que administra os aeroportos) a negociar reajuste salarial para seus funcionários e evitar a greve marcada para a próxima semana. A condição é que a estatal reduza seus custos operacionais para compensar o aumento de gastos com pessoal. O acordo foi feito ontem à tarde entre o ministro da Defesa, Waldir Pires, e representantes do Ministério do Planejamento e da Infraero. A área econômica do governo resiste a autorizar novos reajustes salariais para não prejudicar o ajuste fiscal. Os funcionários dos aeroportos de Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas) e Eduardo Gomes (Manaus) já decidiram parar na próxima semana, às vésperas dos Jogos Pan-Americanos, no Rio. As assembléias dos servidores dos aeroportos de Congonhas (zona sul de São Paulo) e Tom Jobim, Santos Dumont e Jacarepaguá, no Rio, acontecem entre segunda e terça.
O Sina (Sindicato Nacional dos Aeroportuários) reivindica reajuste salarial de 33% e mais 8,2% para repor as perdas nos salários neste ano. Segundo o sindicato, a última negociação com o governo resultou na proposta de aumento salarial de 4%, rejeitada pela categoria.
Na última quinta, ao saber da intenção de greve, Pires teria encaminhado ao Ministério do Planejamento informação de que haveria recursos para um reajuste de 6%. O Sina informou que ainda não recebeu essa proposta. A data-base da categoria é maio. Dentre os serviços que podem ser afetados por uma eventual greve dos aeroportuários estão: atualização dos painéis eletrônicos com informações sobre vôos; embarque de passageiros e autorizações de pousos e decolagens de aviões.
Dos 10.600 funcionários da Infraero, 480 são controladores de vôo civis, encarregados dos pousos e decolagens em Cumbica e nos três aeroportos do Rio (Tom Jobim, Santos Dumont e Jacarepaguá).

Sem dívidas
A assessoria de imprensa da Infraero informou que a empresa tem recursos para conceder um reajuste salarial porque não tem dívidas. O único impasse, segundo a assessoria, seria o Planejamento. Pires permitiu que as negociações com os servidores acontecessem sob duas outras condições: que a Infraero tenha metas de desempenho e que tenha crescimento operacional de 30% em 2007.
"A infra-estrutura precisa crescer para acompanhar a demanda de pessoal e de cargas no aeroporto", disse Pires. Números do governo informam que os gastos com pessoal da Infraero subiram 96% entre 2002 e 2006. O último aumento, em 2006, foi de 6%. Hoje, o gasto anual por funcionário, em média, é de R$ 4.978. Em 2002, era de R$ 2.979.
A paralisação das atividades está marcada para começar quarta (caso de Cumbica e Rio) e quinta (Campinas e Manaus). A maior preocupação do governo é que a greve possa desencadear uma série de atrasos em vôos e atrapalhar o Pan. "Ninguém é louco de derrubar avião, mas vamos dar suporte mínimo enquanto tiver aeronave em vôo. Em solo é outra coisa, porque o controle de liberação é feito por nós. Na hora em que o avião estiver no chão, não sai", disse o diretor do Sina Edson Fortes da Silva.
Segundo o sindicato, 30% do pessoal permanecerá trabalhando. Os servidores dos aeroportos cariocas decidem sobre a adesão na próxima segunda-feira, quando a maior parte das delegações estrangeiras do Pan começará a chegar. De acordo com a Infraero, 6.880 atletas e membros das delegações vão desembarcar em São Paulo e fazer conexão com destino ao Rio. Os vôos direto ao Rio somam 3.633 pessoas. No total, o Pan contará com 5.500 atletas.
Funcionários de Congonhas se reunirão na terça. A expectativa do sindicato, segundo Silva, é paralisar 44 dos 67 aeroportos administrados pela Infraero.


Colaboraram KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local, JANAINA LAGE e FÁBIO GRIJÓ, da Sucursal do Rio, LUÍS FERRARI, enviado especial ao Rio, e MAURÍCIO SIMIONATO e RENATA BAPTISTA, da Agência Folha


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