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Plano teria evitado tragédia no metrô, diz Promotoria
Reconstituição indica que houve tempo para acionar emergência antes do desabamento
Segundo o Ministério Público Estadual, plano de evacuação não foi implantado
pelo Consórcio Via Amarela, responsável pela obra
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A reconstituição dos últimos
minutos antes do desabamento
nas obras da linha 4 do metrô
em São Paulo, acidente que matou sete pessoas em janeiro, indica que houve tempo suficiente para o acionamento de um
plano de emergência que poderia ter evitado a tragédia.
Esse plano de evacuação da
área no entorno das escavações
em Pinheiros (zona oeste), de
acordo com investigação do
Ministério Público Estadual,
não foi implantado pelo Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras da linha 4.
A reconstituição foi realizada
pela Promotoria e Polícia Civil
com base em informações do
mestre-de-obras Adair André
da Silva, que determinou a saída dos funcionários do fosso
antes do desmoronamento.
De acordo com o documento,
desde o primeiro aviso de risco
de desabamento dado pelos
funcionários de dentro do túnel, houve pelo menos um intervalo de quatro minutos e 45
segundos. Esse foi o tempo gasto por Silva, após ser acionado
pelo rádio, de seu escritório na
rua Ferreira de Araújo, 1.018,
até as escavações na rua Capri.
"Isso me leva a concluir, com
uma segurança razoável, que se
ele [o funcionário que deu o
primeiro alerta] tivesse acionado o mestre e apertado um botão [de alarme], havia condições de retirar os circundantes", afirmou o promotor Arnaldo Hossepian Junior, 46.
"Se tivesse apertado o botão,
e entrasse em ação alguma brigada, nós teríamos algum tipo
de conseqüência inferior a que
nós tivemos. Nada foi acionado,
o que, lamentavelmente, acabou resultando no engolimento
dos transeuntes, dos motoristas de veículos."
Dos sete mortos no acidente,
apenas um trabalhava na obra.
Os outros seis passavam pela
rua Capri e acabaram engolidos
pela cratera.
Esses quatro minutos e 45
segundos não incluem o tempo
gasto pelo mestre-de-obras em
sua descida ao buraco para
constatação do problema e,
ainda, da retirada de todos os
funcionários. O tempo total
não foi calculado.
Funcionários ouvidos pela
Folha dias após o acidente afirmaram que, desde o primeiro
alerta até o desabamento, houve um intervalo de dez minutos. Após reportagem, engenheiros do consórcio disseram
que todo o acidente havia durado cerca de dois minutos e, por
isso, não houve tempo. "É como a queda de um avião. Não
dá tempo de fazer nada", disse
à época o engenheiro Carlos
Maffei, consultor do consórcio.
Ontem, o consórcio não se
manifestou (leia nesta página).
Seis meses
Na próxima quinta, o acidente faz seis meses. Até agora, porém, o trabalho das perícias não
acabou. Para a Secretaria da Segurança Pública, a perícia deve
ficar pronta em dezembro.
Isso porque só no final deste
mês ou no começo de agosto os
peritos devem chegar ao "ponto zero", ponto das escavações
que deve produzir as provas
mais importantes para se descobrir as causas do acidente.
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