São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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Plano teria evitado tragédia no metrô, diz Promotoria

Reconstituição indica que houve tempo para acionar emergência antes do desabamento

Segundo o Ministério Público Estadual, plano de evacuação não foi implantado pelo Consórcio Via Amarela, responsável pela obra

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A reconstituição dos últimos minutos antes do desabamento nas obras da linha 4 do metrô em São Paulo, acidente que matou sete pessoas em janeiro, indica que houve tempo suficiente para o acionamento de um plano de emergência que poderia ter evitado a tragédia.
Esse plano de evacuação da área no entorno das escavações em Pinheiros (zona oeste), de acordo com investigação do Ministério Público Estadual, não foi implantado pelo Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras da linha 4.
A reconstituição foi realizada pela Promotoria e Polícia Civil com base em informações do mestre-de-obras Adair André da Silva, que determinou a saída dos funcionários do fosso antes do desmoronamento.
De acordo com o documento, desde o primeiro aviso de risco de desabamento dado pelos funcionários de dentro do túnel, houve pelo menos um intervalo de quatro minutos e 45 segundos. Esse foi o tempo gasto por Silva, após ser acionado pelo rádio, de seu escritório na rua Ferreira de Araújo, 1.018, até as escavações na rua Capri.
"Isso me leva a concluir, com uma segurança razoável, que se ele [o funcionário que deu o primeiro alerta] tivesse acionado o mestre e apertado um botão [de alarme], havia condições de retirar os circundantes", afirmou o promotor Arnaldo Hossepian Junior, 46.
"Se tivesse apertado o botão, e entrasse em ação alguma brigada, nós teríamos algum tipo de conseqüência inferior a que nós tivemos. Nada foi acionado, o que, lamentavelmente, acabou resultando no engolimento dos transeuntes, dos motoristas de veículos."
Dos sete mortos no acidente, apenas um trabalhava na obra. Os outros seis passavam pela rua Capri e acabaram engolidos pela cratera.
Esses quatro minutos e 45 segundos não incluem o tempo gasto pelo mestre-de-obras em sua descida ao buraco para constatação do problema e, ainda, da retirada de todos os funcionários. O tempo total não foi calculado.
Funcionários ouvidos pela Folha dias após o acidente afirmaram que, desde o primeiro alerta até o desabamento, houve um intervalo de dez minutos. Após reportagem, engenheiros do consórcio disseram que todo o acidente havia durado cerca de dois minutos e, por isso, não houve tempo. "É como a queda de um avião. Não dá tempo de fazer nada", disse à época o engenheiro Carlos Maffei, consultor do consórcio.
Ontem, o consórcio não se manifestou (leia nesta página).

Seis meses
Na próxima quinta, o acidente faz seis meses. Até agora, porém, o trabalho das perícias não acabou. Para a Secretaria da Segurança Pública, a perícia deve ficar pronta em dezembro.
Isso porque só no final deste mês ou no começo de agosto os peritos devem chegar ao "ponto zero", ponto das escavações que deve produzir as provas mais importantes para se descobrir as causas do acidente.


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