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TRANSPORTE
Fase de transição na licitação de ônibus não constava do edital; se houver ilegalidade, ação pode cancelar processo
Mudança em contrato surpreende promotor
DA REPORTAGEM LOCAL
A inclusão de uma regra de
transição na licitação dos ônibus
em São Paulo pegou de surpresa a
Promotoria de Justiça da Cidadania, que já investigava possíveis
ilegalidades na concorrência.
Essa alteração, conforme informou a Folha ontem, não constava
do edital original. Ela trouxe novos critérios de remuneração das
viações e suspendeu temporariamente a vigência de cláusulas
contratuais -modificações consideradas irregulares por advogados ouvidos pela reportagem.
O promotor Saad Mazloum
afirmou ontem ter sido surpreendido pela inclusão da fase transitória, sem data para acabar, até
mesmo porque havia colhido declarações do presidente da comissão de licitações da Secretaria dos
Transportes, Paulo de Moraes
Bourroul. "Ele foi ouvido sobre a
concorrência no mês passado,
mas não falou nada sobre a existência de uma transição", disse
Mazloum, que já determinou
uma nova notificação a Bourroul.
"Pode haver ilegalidade. Se ela for
confirmada, haverá uma ação para cancelar a licitação." Bourroul,
anteontem, alegou que a transição não representava mudanças
em relação ao edital, apenas considerava um cenário diferente.
As investigações do Ministério
Público começaram depois de
uma decisão do Tribunal de Contas do Município, que apontou,
em janeiro, haver ilegalidades na
concorrência -entre elas, a possibilidade de prorrogação dos
contratos para até 25 anos. O
TCM, depois, acabou revogando
essa decisão, já que a prefeitura
fez parte das mudanças sugeridas.
O inquérito, mesmo assim, não
foi encerrado. "Decidimos manter as investigações até por causa
dos valores envolvidos", afirmou
Mazloum, em referência ao valor
de R$ 12,3 bilhões dos contratos.
A Folha apurou que técnicos do
TCM também ficaram surpresos
com a inclusão de uma regra de
transição nos contratos. O tribunal determinou uma análise dos
contratos por órgãos técnicos.
A transição elevou a receita de
três dos oito consórcios de empresas de ônibus que explorarão
os serviços. A prefeitura justifica
essa fase sob a alegação de que os
terminais de integração e a bilhetagem eletrônica estão em fase de
implantação, impedindo que a remuneração "seja calculada e paga
como foi previsto no edital".
(ALENCAR IZIDORO)
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