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SEQÜESTRO
Polícia matou dois homens que faziam a segurança do cativeiro da estudante; família pagara resgate havia 57 dias
Menina de 12 anos é libertada após 70 dias
SÍLVIA CORRÊA
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma menina de 12 anos, aluna
de um dos mais tradicionais colégios paulistanos, foi seqüestrada
na saída da escola, nos Jardins
(zona oeste), e libertada ontem
pela Polícia Civil após 70 dias refém. É o seqüestro mais longo esclarecido neste ano no Estado.
Na invasão do cativeiro, dois
acusados foram mortos. A quadrilha havia recebido o resgate em
10 de junho, sob a promessa de
soltar a menina, mas voltou atrás.
A refém foi localizada após a
prisão do porta-voz do grupo,
mas há indícios de que haja mais
cinco envolvidos em liberdade.
Assustada, a família deve deixar
o país. Por questões de segurança,
portanto, a Folha não vai identificar a vítima nem seus parentes.
Aluna do Dante Alighieri, a menina é a filha caçula do dono de
uma rede de lojas de móveis e decoração com unidades em outros
três países, entre eles os EUA.
Desde o ensino infantil, há oito
anos, ela faz a pé o trajeto de cem
metros entre o colégio e o prédio
onde mora. Em 28 de maio, a rotina foi violentamente quebrada.
Já na calçada de sua casa, a menina foi agarrada pelo pescoço
por um homem negro, de terno e
gravata, que se jogou, abraçado a
ela, na caçamba de uma Saveiro
preta. O carro saiu em disparada.
O ataque ocorreu na hora da
saída do Dante e foi visto por pais
e alunos. As cenas também foram
registradas por uma câmera de
segurança de um prédio vizinho,
mas nada indicava as placas da
Saveiro, que nunca foi localizada.
O primeiro contato foi feito horas depois. Os criminosos queriam US$ 10 milhões. A família
acionou a Divisão Anti-Seqüestro
(DAS) e a Control Risk -uma
empresa britânica de gerenciamento de crises e de seguro anti-seqüestro. No 13º dia da ação,
após o negociador do grupo dar
uma prova de vida da refém, a família entregou R$ 500 mil à quadrilha, em dinheiro e jóias.
Ao pagamento, porém, sucedeu-se um silêncio de semanas.
Foram os momentos de maior
tensão. Quando voltaram a fazer
contato, sem libertar a menina, os
homens anunciaram: queriam receber mais R$ 500 mil.
Nos 70 dias, foram pouco mais
de dez ligações. Raras e fundamentais. Rastreadas e interceptadas, elas levaram os policiais a Renato Faria Lopes, 25, preso em casa, na tarde de anteontem.
O rapaz não tem passagens pela
polícia, não tinha armas e não foi
autorizado a dar entrevistas, mas
a polícia diz que ele admitiu ter
negociado este e outros três seqüestros e foi responsável pela indicação do cativeiro, no sítio Araponga, em Juquitiba (Grande SP).
Eram 3h30 de ontem quando a
equipe chegou ao local. "Ela só
sorriu e disse que não foi agredida, mas é impossível avaliar as
conseqüências psicológicas disso", narra o delegado Wagner
Giudice, diretor da DAS.
Uma hora depois, a menina estava na cobertura da família. "Foi
emocionante. O pai dela foi fantástico. O nosso maior presente é
ter garantido o Dia dos Pais dele."
Para outros pais, porém, a sorte
ainda não chegou. Seis pessoas seguem em cativeiro no Estado
-três delas menores de idade.
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