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SAÚDE
Em troca de influência na gestão de unidades, prefeitura e União ampliam repasses do SUS; primeiro acordo é fechado em SP
Hospital filantrópico ganha reforço de verba
PEDRO DIAS LEITE
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), e o ministro da Saúde, Humberto Costa, assinaram
ontem convênio que aumenta os
repasses do SUS para hospitais filantrópicos, em troca de maior
controle do poder público sobre o
modo de atuação das unidades.
Segundo o ministério, é o primeiro passo para acabar com a
crise no setor filantrópico, agravada no ano passado.
O primeiro convênio beneficiará o hospital Santa Marcelina,
principal referência na zona leste,
uma das mais carentes de São
Paulo. Mais sete entidades no país
devem assinar termo semelhante.
Apesar de a medida aliviar um
pouco a penúria financeira dos filantrópicos, havia o temor ontem,
no Santa Marcelina, de que parte
dos atendimentos venham a sofrer restrição.
Isso porque o objetivo da prefeitura, que agora comanda as diretrizes do Santa Marcelina, é priorizar os atendimentos mais complexos, deixando casos mais simples para os postos de saúde. Hoje, como a rede é deficiente na região, muitas pessoas procuram o
hospital por problemas menores.
"Nós [a prefeitura] gerenciamos
o uso da verba e priorizamos os
atendimentos de alta e média
complexidade, como cirurgias de
estômago e infarto, que hoje são o
gargalo da rede pública", disse
Marta na cerimônia de assinatura
do convênio, no hospital.
A dívida do Santa Marcelina
passa hoje dos R$ 50 milhões, e o
hospital ainda não sabe como vai
pagar o 13º salário dos funcionários. Com o convênio, os repasses
do SUS (Sistema Único de Saúde)
devem aumentar em R$ 1,4 milhão por mês -R$ 700 mil fixos e
mais R$ 700 mil de acordo com a
quantidade de atendimentos.
Segundo Tânia Pedroso, consultora da Secretaria Municipal
da Saúde, o aumento dos repasses, hoje em cerca de R$ 6 milhões
ao mês, não vai resolver o problema imediatamente, mas a médio
prazo. De acordo com a consultora, em um ano o hospital deve voltar a ter uma situação equilibrada.
"Não é hoje que vamos resolver,
mas é o primeiro passo", afirmou
o secretário municipal da Saúde,
Gonzalo Vecina.
O ministro Humberto Costa explicou que o objetivo das mudanças no SUS é que os hospitais façam os procedimentos necessários na região, não mais aqueles
que são mais bem pagos.
Os hospitais terão um plano de
trabalho e a prefeitura irá gerenciar a verba, disse Costa. O próximo beneficiado do Programa de
Apoio e Suporte a Hospitais Filantrópicos em São Paulo deverá
ser a Santa Casa.
"Queremos chegar a uma situação em que em vez de ser pago
por procedimento [internação,
por exemplo], haja um orçamento para cada hospital", prometeu.
A superintendente do hospital,
irmã Maria Thereza Lorenzzoni,
comemorou. "Esta casa nunca fechou suas portas para aqueles que
aqui buscam solução para suas
dores." Aberto há 43 anos, o hospital atende a 3.500 pessoas/dia.
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