São Paulo, terça, 7 de outubro de 1997.



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CADEIAS EXPLOSIVAS 2
Quatro presos e três PMs ficam feridos em confronto; rebelião começou após tentativa de fuga
PM invade cadeia e contém motim em Jacareí

da Folha Vale

Duas semanas após a posse do novo comando, a Polícia Militar travou anteontem o primeiro confronto com presos para encerrar uma rebelião em Jacareí (68 km de São Paulo).
Há duas semanas o controle da Polícia Militar de São Paulo passou para as mãos do coronel Carlos Alberto de Camargo. Ele assumiu no lugar do coronel Claudionor Lisboa.
Na rebelião em Jacareí, 25 PMs entraram armados de revólveres e cassetetes para conter cerca de 80 presos, que ameaçavam fugir e matar outros detentos. A cadeia estava com 129 presos e comporta apenas 80.
No confronto, quatro presos e três PMs ficaram feridos. Um pouco antes, quatro amotinados já haviam se ferido em razão de brigas entre detentos rivais.
Entre os feridos, o preso Luciano Aparecido Ribeiro sofreu várias fraturas e está internado na Santa Casa da cidade.
Segundo o hospital, seu estado de saúde é delicado. De acordo com a polícia, ele foi ferido por companheiros de cela.
Os demais feridos durante a rebelião já foram liberados e passam bem. O comandante da PM de Jacareí, Benedito Luiz de Castro, disse que a atitude foi inevitável.
"Os presos queriam matar seus companheiros e poderiam fugir a qualquer momento."
Segundo o comandante, os PMs atiraram para cima e entraram em confronto com os presos. Foram jogadas também bombas de efeito moral para conter os amotinados. O motim durou três horas.
Ontem, o novo comandante da PM paulista estava participando de uma solenidade e não foi localizado pela Folha para comentar a atitude dos policiais.
Motim
Segundo o delegado assistente da delegacia seccional de Jacareí, Aguinaldo Fracarolli, o movimento dos presos começou depois de uma tentativa de fuga.
A movimentação teria sido descoberta por denúncias de outros detentos.
"Os presos serraram as grades e dominaram o pátio. Aí eles começaram a brigar entre si e a ameaçar de morte os presos detidos por estupro."
Os detentos queimaram colchões, quebraram paredes, serraram grades e danificaram a instalação elétrica e a rede de esgoto.
Peças de ferro e de madeira foram usadas com armas pelos presos durante o confronto.
A polícia informou que vários dos colchões foram queimados em frente à cela dos estupradores, na tentativa de asfixiá-los.
Até ontem, 20 presos haviam sido transferidos para cadeias da região.


Motim em Jacareí durou 3 horas e deixou sete pessoas feridas; cadeia comportava 129 presos, mas tem capacidade para 80



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