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FUMO
Inca optou por trabalhar com grupo treinado por seus profissionais, sem considerar instituições antitabagistas em operação
Unidade em hospital não foi cadastrada
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o programa do Ministério da
Saúde tivesse contemplado instituições importantes que já trabalham com fumantes, o número de
centros cadastrados já seria mais
de dez, apenas em São Paulo.
Hospital do Câncer, Hospital
das Clínicas, Instituto de Psiquiatria, Instituto do Coração, Santa
Casa, Beneficência Portuguesa e
Proad, um dos programas Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), são algumas delas.
"Soubemos do programa do
ministério pelos jornais e ainda
não fomos convidados para participar", diz Maria Teresa Cruz
Lourenço, coordenadora do Grupo de Apoio ao Tabagista do Hospital do Câncer. "Nosso grupo
funciona há cinco anos, exatamente dentro das regras estabelecidas pelo Inca." O Instituto Nacional do Câncer, órgão do Ministério da Saúde, é que comanda as
ações contra o cigarro.
"O Inca adotou uma postura
centralizadora, só cadastrando
centros que ele havia treinado",
diz Ronaldo Laranjeira, presidente da Abead, Associação Brasileira
de Álcool e Drogas, e da Uniad,
Unidade de Álcool e Drogas da
Unifesp/Hospital São Paulo.
Na sua opinião, diante do imenso número de fumantes, o Inca
deveria ter aberto para a participação do maior número possível
de unidades. "O programa é bom,
mas tem amplitude muito pequena. O treinamento deve ser descentralizado, do contrário vamos
levar anos treinando pessoas."
Um dos méritos do programa
do governo foi reconhecer a dependência do cigarro como uma
doença. O uso dos adesivos e chicletes de nicotina, assim como o
antidepressivo e as terapias, passam a ser remunerados pelo SUS.
O pagamento é feito depois de a
instituição apresentar a conta.
O problema é que, ao lidar com
grande número de centros e de
pacientes, o ministério acabou
impondo consensos e regras que
dividem os especialistas. Muitas
instituições adotam terapias diferentes da cognitiva-comportamental, determinada na portaria.
"Não se pode falar em consenso
para um tratamento que vai ajudar, na melhor das hipóteses, apenas um terço dos pacientes", diz
Dartiu Xavier da Silveira, diretor
do Proad. Na sua opinião, diante
da baixa eficácia dos tratamentos,
e do grande contingente de dependentes, o governo deveria incentivar o maior número de instituições e de variedade de intervenções possíveis.
Para o Inca, programa teve participação de sociedades médicas e
adotou consenso internacional.
(AURELIANO BIANCARELLI)
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