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CONTRABANDO
Bilhetes indicam que criminoso comanda quadrilha de dentro da prisão
Lobão ainda controla negócios, diz CPI
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Bilhetes encontrados ontem no
bolso do contrabandista de cigarros Roberto Eleutério da Silva, o
Lobão, durante depoimento na
CPI da Pirataria da Câmara, mostraram, segundo os deputados,
que ele mantém o controle dos
negócios de sua quadrilha mesmo
preso na carceragem da Polícia
Federal de São Paulo.
Lobão está preso desde o dia 3
de setembro e foi levado à CPI ontem por policiais federais. Um deles encontrou cinco bilhetes escritos a mão ao revistar Lobão quando ele estava no banheiro, no intervalo do depoimento à CPI.
Três bilhetes traziam orientações do que ele deveria falar ao
juiz, à polícia e aos deputados e
outro informava o endereço de
uma fábrica no Paraguai que pertenceria ao contrabandista.
O quinto bilhete seria o mais
comprometedor, segundo os deputados. A mensagem traz valores em dólares e guaranis (moeda
paraguaia). A comercialização de
5.000 caixas, provavelmente de cigarros, é avaliada em US$ 225 mil,
por exemplo. O lucro ficaria em
US$ 45 mil.
Os deputados interpretam esse
bilhete como uma prestação de
contas ou um orçamento. Não se
sabe se Lobão recebeu ou iria repassar essa mensagem a outra
pessoa. "Os bilhetes mostram que
Lobão continua no comando de
sua quadrilha, apesar de preso",
afirmou o presidente da CPI, Luiz
Antonio de Medeiros (PL-SP).
Os deputados desconfiaram
quando Lobão fez o gesto de colocar a mão no bolso durante seu
depoimento. Pensava-se que ele
pudesse ter dinheiro, o que é proibido a um preso. No banheiro, o
agente encontrou os bilhetes. A
apreensão foi testemunhada por
outro policial e dois deputados.
Lobão deu duas versões sobre
os bilhetes. Primeiro, disse que seria um resumo do que iria falar no
depoimento a um juiz federal.
Quando viu os bilhetes, acusou o
agente federal de ter colocado as
mensagens no seu bolso para incriminá-lo. No fim do depoimento, um delegado da PF falou com
Lobão e gravou a conversa sem
que o contrabandista soubesse.
Na gravação, mostrada depois
na CPI, o delegado pergunta por
que ele acusou o agente e Lobão
responde: "Eu não tinha outra
saída. Ele não tinha que me revistar". Lobão também afirmou, na
gravação, que saiu da carceragem
com os bilhetes.
Segundo o delegado Wagner
Castilho, assessor de comunicação da PF, Lobão deve ter recebido os bilhetes depois de sair da
carceragem. "É ele quem diz que
trouxe da carceragem. É claro que
ele quer incriminar aqueles que
descobriram os bilhetes."
Antes tranquilo e irônico com
os deputados, Lobão ficou nervoso depois da apreensão dos bilhetes. "Isso é coisa de louco", resumiu. No começo do depoimento,
ele desafiou os deputados a mostrar as provas.
"Dizem que sou um contrabandista. E onde estão as mercadorias?", questionou Lobão. Mas ele
entrou em contradição ao afirmar
que trabalhava fora do país. Depois disse ter se enganado. Quando os deputados insistiram, passou a dizer que só falaria em juízo.
Na Justiça Federal, à tarde, voltou
a negar as acusações.
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