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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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SEGURANÇA PÚBLICA

Relatório da PM é baseado em dados de 1997 a 2002; detenção de adolescentes subiu 827% no período

Crimes violentos crescem 143% em Minas

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Relatório da Polícia Militar de Minas Gerais concluído em agosto aponta que o total de crimes violentos registrados no Estado cresceu 143% -de 33.771 em 1997 para 82.116 em 2002.
São computados como violentos os crimes de homicídio, sequestro e cárcere privado, roubo, latrocínio e estupro.
Com isso, o índice de crimes violentos por grupo de 100 mil habitantes subiu de 198,85 para 446,66. O número de prisões subiu 43,71% no mesmo período.
Já as apreensões de crianças e adolescentes cresceram, respectivamente, 509,82% e 826,62%.
As informações reunidas pela PM mineira se referem aos dois últimos anos (1997 e 1998) do governo Eduardo Azeredo (PSDB) e ao governo Itamar Franco (PMDB), que foi de 1999 a 2002.
A escalada da violência, no entanto, permanece na gestão Aécio Neves (PSDB), como mostram os levantamentos. No primeiro quadrimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2002, houve aumento de 9% nos registros de todos os crimes.
À atual crise da segurança, somam-se denúncias contra policiais. Só neste ano, a Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos do Estado propôs ações penais contra 180 policiais (130 militares e 50 civis), por crimes que vão de abusos de autoridade a tortura. Em 2002, foram 271 denunciados (154 militares e 117 civis).
Nove policiais -entre civis e militares- foram condenados neste ano por casos de tortura. Outros 15 estão sendo julgados por corrupção, extorsão de dinheiro e tráfico, em suposto esquema denunciado por prostitutas e traficantes.
Há também indícios de formação de grupos de extermínio, como revela dossiê da Ouvidoria de Polícia do Estado entregue na semana passada à relatora especial sobre execuções sumárias da ONU, Asma Jahangir.
Um dos dez casos listados no relatório refere-se ao assassinato, em julho, dos assaltantes Anderson José Alves Batista, 27, e Evandro Ribeiro Soares, 18. As cabeças foram encontradas sem os corpos em diferentes pontos da região metropolitana de Belo Horizonte.
A cabeça de Batista foi achada no mesmo local onde, três dias antes, um policial civil havia sido morto, o que levantou a suspeita de vingança, mas o inquérito sobre a morte do detetive apontou latrocínio e descartou a participação dos assaltantes degolados.
Já o relatório da ouvidoria afirma, baseado em denúncias de um informante, que os assaltantes foram mortos por policiais civis, em represália à morte do detetive.


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