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URBANISMO
ONG diz que prefeitura tem excesso de poder
Defenda São Paulo promete ir à Justiça contra lei de zoneamento
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova lei de zoneamento de
São Paulo, aprovada em julho
após muita polêmica na Câmara
Municipal, passa a valer em 3 de
fevereiro do próximo ano. São 120
dias contados a partir de ontem,
quando o projeto foi publicado
no "Diário Oficial", com os planos diretores regionais. A legislação complementará o Plano Diretor da cidade, aprovado em 2002,
definindo o que poderá ser instalado ou construído em cada área.
Mesmo antes de entrar em vigor, a nova lei deve sofrer contestação jurídica. O movimento Defenda São Paulo está concluindo
uma análise das 688 páginas da lei
e diz ter visto várias incorreções.
O principal problema, diz Regina Monteiro, diretora-executiva
da entidade, é a ampliação do poder do Executivo na definição das
atividades permitidas nas áreas
mistas (que conjugam residências, comércios, serviços e indústrias). É a prefeitura que diz, por
exemplo, em que categoria de uso
se encaixa uma padaria, um supermercado ou um shopping
-determinando, assim, onde cada um deles pode funcionar. Para
Monteiro, a lei afrouxa os critérios que orientam o Executivo.
Além disso, parte desses critérios será estabelecida pela própria
prefeitura, como o nível máximo
de vibração (provocada pelo barulhos de máquinas, por exemplo) permitida. O Executivo tem
um prazo de até 180 dias a partir
de 3 de fevereiro para estabelecer
esses parâmetros e instituir um
sistema de controle.
O vereador Nabil Bonduki (PT),
relator do projeto na Câmara, discorda da interpretação de que a lei
dá mais poder ao Executivo. Segundo ele, a atual lista de atividades é genérica e desatualizada e
não considera o incômodo causado. "Antes, uma oficina mecânica
era permitida ou não. Mas ela pode gerar vibração ou não. Isto é,
uma oficina não é um elemento
que prevê o incômodo por si só."
Outra crítica feita por Monteiro
é que a lei será muito complexa
para o cidadão entender. "Pelas
nossas contas, há 1.560 combinações possíveis de proibições e regulamentos para que alguém possa construir uma casa ou um comércio. Se ficará difícil entender a
lei, imagine fiscalizá-la." Com base no estudo, a entidade fará uma
representação à Promotoria neste
mês pedindo mudanças na lei.
A Secretaria Municipal do Planejamento disse ontem à noite
que não havia tempo hábil para
comentar as críticas.
(FABIO SCHIVARTCHE E AMARÍLIS LAGE)
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