São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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SAÚDE

Estudo nos Estados Unidos detectou perigo de aumento de tromboses em mulheres que fazem terapia de reposição hormonal

Médicos relativizam o risco de hormônios

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há motivo para alarde entre mulheres nem para interrupções de terapias de reposição hormonal (TRH) já em andamento por conta do estudo, divulgado anteontem, que ligou o tratamento a um aumento do risco de trombose. Segundo especialistas, o risco é real, mas é considerado há algum tempo por ginecologistas e ocorre principalmente em pacientes com mais idade ou antecedentes pessoais que apontem probabilidade de apresentar o problema.
O estudo, chamado Iniciativa de Saúde das Mulheres, indicou que mulheres que tomam estrógeno e progesterona na dose antes considerada usual tinham um risco dobrado de ter coágulos venosos, que podem se descolar, chegar aos pulmões e causar morte.
A pesquisa envolveu mais de 16,5 mil mulheres de 50 a 79 anos de 1993 a 1998, nos EUA. "Só que a dose estudada é mais ou menos o dobro da que usamos hoje", diz o presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), Edmund Chada Baracat.
Segundo César Eduardo Fernandes, presidente do Conselho Científico da Sobrac (Sociedade Brasileira do Climatério), mulheres obesas, diabéticas, fumantes, com casos de tromboembolismo na família ou níveis sangüíneos de triglicérides aumentados têm maior risco de desenvolver trombose. "Mulheres com mais idade também apresentam maior risco." Mas, segundo Fernandes, o risco (maior nos primeiros meses de TRH) pode ser minimizado pela redução de doses. "A TRH é tão arriscada quanto tomar pílulas anticoncepcionais."
Especialistas também destacaram que o estudo foi feito com mulheres que tinham em média 63,5 anos, portanto com idade superior àquela com que mulheres normalmente iniciam a TRH.
"Quando a mulher entra na menopausa e já começa a tomar hormônios, o risco é sempre menor. A mulher mais velha já não está mais acostumada aos hormônios e o corpo estranha a substância", diz Geraldo Rodrigues, professor do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina.
Segundo ele, os médicos hoje avaliam os riscos e contam com muitas alternativas à TRH tradicional, como o uso de litoestrogênios (estrogênios vegetais comprimidos) e até antidepressivos.


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