São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEXO PAGO

PF montará cadastro de aliciadores no Brasil

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) lançou ontem em Goiânia a Campanha de Combate ao Tráfico Internacional de Seres Humanos, em conjunto com o Unodc (Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime).
Alvos da campanha, mulheres entre 18 e 35 anos que estiverem tirando passaporte vão receber uma filipeta com explicações sobre o crime e, caso tenham sido aliciadas e estejam em outro país, sobre como proceder para voltar.
A Polícia Federal deve coordenar um banco de dados de casos de aliciamento, das redes e dos perfis das vítimas e dos aliciadores, segundo a secretária nacional da Justiça, Cláudia Chagas.
O ministro anunciou ainda que o Brasil pretende fazer tratados de cooperação em matéria de processo penal e de combate ao crime com 50 países até o fim de 2006.
A campanha começará por Goiás e Ceará, onde o número de mulheres enviadas para o exterior é maior, além de São Paulo e Rio de Janeiro, principais pontos de saída do país, via aeroportos.
"Além do rádio [propaganda], a gente vai trabalhar nos aeroportos com avisos, banners e cartazes nas superintendências das Polícia Federal", diz Cláudia.
Segundo a secretária, o tratamento dado aos aliciadores será de "máximo rigor". "A idéia é preparar o Estado para investigar melhor. Esse é um crime muito ligado a organizações criminosas, e, geralmente, transnacional. A gente quer estruturar todo o sistema criminal no país e não só trabalhar com a prevenção."
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o tráfico de pessoas para prostituição é uma das atividades mais lucrativas do crime organizado, movimentando cerca de US$ 9 bilhões no mundo. No Brasil, foram identificadas mais de 150 rotas.
Um diagnóstico sobre o tema feito pelo consultor e professor da Universidade Federal do Ceará Marcos Colares serviu de base para a campanha. Divulgado pelo Ministério da Justiça e pelo Unodc, em maio, o trabalho mostra Goiás como o principal ponto de partida de mulheres para o exterior para prostituição.
De janeiro a setembro de 2004, a Polícia Federal do Estado prendeu cinco pessoas sob a acusação de aliciar goianas para se prostituírem na Europa. De acordo com o mapeamento da Assessoria Para Assuntos Internacionais de Goiás, a Espanha é o principal destino delas, seguida por Portugal, Itália, Suíça e França.
Somente neste ano, 250 goianas foram deportadas da Espanha.


Texto Anterior: Surpresa no almoço: Dupla faz 15 reféns em restaurante de SP
Próximo Texto: Mulher solteira de até 30 anos é maior vítima
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.