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SAÚDE
Zumbido já tem cura e tratamento no Brasil
ANDRÉA PERDIGÃO GAYOTTO
especial para a Folha
O zumbido -sensação de ruído constante parecido com o de
um inseto-, mal que atinge milhões de brasileiros, já tem tratamento e, em muitos casos, a cura
pode ser completa.
Terapias especializadas, chamadas "retreinamento" auditivo ou
"habituação", e o uso de medicamentos têm conseguido bons resultados contra o "zummmmm".
O tratamento começa com um
cuidadoso diagnóstico. O zumbido não é uma doença em si, mas
sintoma de alguma lesão ou desordem no sistema auditivo.
Há mais de 200 doenças relatadas que podem causar o zumbido
e é fundamental saber identificar
as causas de cada caso.
Primeiro ataca-se as causas do
problema. Nos casos em que é
provocado por colesterol alto ou
excesso de cafeína no organismo,
por exemplo, a eliminação da origem, em geral, resolve a questão.
Mas quando as causas são tratadas e o zumbido persiste, pode indicar uma lesão definitiva nos órgãos internos responsáveis pela
audição e o problema deve ser
tratado mais diretamente.
Os medicamentos normalmente utilizados pelos médicos otorrinos atuam sobre os neurotransmissores, diminuindo a transmissão das informações nervosas.
Eles fazem com que o indivíduo
tenha uma menor percepção dos
estímulos auditivos e assim perceba menos o zumbido.
Entretanto, parte dos pacientes,
que não é sensível aos medicamentos, necessita de um retreinamento auditivo ou habituação.
"Habituação"
Segundo especialistas, 80% das
pessoa que têm zumbido não se
atormentam com ele devido a um
fenômeno natural chamado "habituação": o estímulo sonoro é recebido, mas é bloqueado na entrada do cérebro.
Isso acontece normalmente
com todo mundo e é uma estratégia criada pelo organismo para
não perder a concentração, em
função dos ruídos indesejáveis.
Os 20% dos pacientes que têm
zumbido e se incomodam não viveram o processo natural de "habituação" e terão como tratamento uma "habituação" induzida.
Esse tratamento, pouco conhecido em nosso país, se inicia com
uma orientação sobre o problema. "Esses pacientes precisam ser
orientados porque o zumbido
lhes traz muitos medos: o medo
de que seja um tumor, que seja
uma alucinação, que ele cause
surdez ou vá aumentando até ele
não agüentar mais", diz Tanit
Ganz Sanchez, da Fundação São
Paulo de Otorrinolaringologia.
O retreinamento se baseia no
princípio de que o indivíduo que
tem zumbido deve evitar o silêncio. O paciente acopla um pequeno aparelho que se encaixa atrás
da orelha, que fica emitindo um
som em baixo volume (mais baixo do que o som do zumbido),
monótono e constante, como um
barulho de chuva, por exemplo.
Esse aparelho estimula o processo
de habituação, fazendo com que o
zumbido vá sendo progressivamente barrado no cérebro. O tratamento leva 18 meses em média.
Depois dele, o aparelho não é
mais necessário e a percepção do
zumbido é alterada.
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