ELI FERNANDES
free-lance para a Folha Campinas

As apreensões de cocaína e crack envolvendo adolescentes de Campinas em oito meses deste ano já superaram em 96,7% o total dos 12 meses de 98.
Se for comparado o período de janeiro a agosto, o crescimento chega a 535,88%.
De acordo com dados da DIJ (Delegacia da Infância e da Juventude), foram 777 apreensões de drogas com menores de 18 anos entre janeiro e agosto deste ano contra 395 de todo o ano passado.
A tendência é a mesma em Ribeirão Preto (319 km de SP). Já em São José dos Campos (97 km de SP), um a cada três adolescentes detidos teve envolvimento com roubo ou furto.
Segundo o delegado titular da DIJ de Campinas, Umeo Nakashima, 56, o aumento se deve, entre outras coisas, à disseminação do crack e ao aumento de denúncias contra adolescentes traficantes e usuários das drogas.
"É um contexto de aumento populacional, aumento da criminalidade e conscientização da população em fazer denúncias à delegacia", disse.
Para o psiquiatra e professor da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da PUC-Campinas Silvio Saidemberg, 52, que trabalha com recuperação de usuários de drogas há 16 anos, a facilidade de encontrar entorpecente é o que determina o aumento do consumo.
O adolescente R.M.C., 16, viciado em crack, confirma a facilidade de comprar a droga. "Em qualquer beco do centro da cidade a gente encontra um traficante."
As estatísticas da DIJ revelam que a droga mais apreendida com adolescentes no ano passado foi a maconha. Segundo a DIJ, durante todo o ano 663 adolescentes foram detidos e encaminhados à delegacia. Em 99, houve aumento de 112,73% nas detenções de adolescentes com maconha entre janeiro e agosto.


Texto Anterior: "Habituação" alivia músico
Próximo Texto: Em Ribeirão, envolvimento bate recorde
Índice