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VIOLÊNCIA
Vítima foi ferida por PMs e teve a perna amputada dias depois; OAB suspeita de prisão ilegal e omissão de socorro
Justiça apura suposta tortura de mecânico
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) de São Paulo
abriu ontem sindicância para investigar denúncia de tortura, falta
de atendimento e prisão ilegal supostamente praticadas por policiais militares. A vítima, o mecânico André Luiz Prado, 32, preso
no CDP de Osasco (Grande SP),
teve a perna direita amputada.
A denúncia foi feita anteontem
pelo presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Ordem dos
Advogados do Brasil, João José
Sady, à juíza-corregedora do Dipo, Ivana David Boriero.
A OAB pediu a investigação depois que recebeu uma carta assinada por 26 pessoas. Entre elas,
parentes de Prado e 22 testemunhas do caso ocorrido no Jardim
Arpoador (zona oeste de SP).
A juíza solicitou um novo exame de corpo de delito de Prado e
cópia da prisão em flagrante do
mecânico à 18ª Vara Criminal,
onde tramita o processo.
No dia 26 de julho, Prado recebeu um tiro, que atravessou a perna, após ter seu carro parado por
policiais da Força Tática. Há duas
versões para o caso.
Os PMs disseram que Prado era
um dos quatro homens que estavam em um Tempra e teriam tentado fugir da barreira atirando. A
PM apresentou uma arma e uma
porção de maconha que seriam
de Prado, que é ex-presidiário.
As testemunhas disseram que
Prado estava no carro com duas
mulheres, foi parado e baleado.
Um PM teria usado uma barra de
ferro para cutucar o ferimento de
tiro e torturar o mecânico.
Segundo a advogada de Prado,
Aparecida de Albuquerque Cardaci, ele foi levado para o pronto-socorro do Hospital Bandeirantes, que alegou que não tinha cirurgião plantonista e pediu que a
PM o levasse para outro local. "Os
policiais pediram que colocassem
uma faixa para estancar o sangue.
Depois disso, ele não recebeu
mais atendimento", disse Cardaci. Ela afirmou que duas funcionárias do hospital confirmaram a
história à Justiça.
Segundo familiares, Prado foi
levado para o CDP de Osasco e ficou lá por mais cinco ou seis dias.
Como o ferimento piorou, foi levado para o Hospital Regional de
Osasco. Dias depois, teve sua perna amputada acima do joelho.
A Ouvidoria das Polícias já
acompanhava o caso porque desconfiou da ação, mas não tinha
dados sobre testemunhas nem
que Prado teve a perna amputada.
A reportagem ligou cinco vezes
ontem à tarde para o comando da
PM, que não atendeu a Folha para
falar sobre o caso. A Secretaria da
Administração Penitenciária afirmou que só teria hoje dados sobre
o estado de saúde de Prado, mas
que vai instalar uma sindicância
se houver indício de omissão de
atendimento na prisão.
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