São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Após discussão, juiz mostra arma para promotor

Magistrado de São João del Rei (MG) diz que motivo do ato foi evitar "agressão mútua'; sindicato de promotores divulgou nota de repúdio

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz Carlos Pavanelli Batista, da comarca de São João del Rei (MG), foi acusado de ameaçar com um revólver o promotor de Justiça Adalberto de Paula Christo Leite durante audiência na 1ª Vara Cível. O magistrado confirma que houve "um atrito" com o promotor, mas alega que agiu assim para evitar "agressão mútua".
O fato ocorreu no dia 30 de outubro e gerou nota de apoio ao promotor, e de "repúdio" ao juiz, distribuída pelo Sindicato dos Promotores e Procuradores de Justiça no Estado de Minas Gerais (Sindi-MP).
Segundo a presidente do sindicato, Erika de Fátima Matozinhos Ribeiro Lisboa, o juiz ofendeu a honra de membros do Ministério Público e ameaçou "de modo sério, ostensivo e iminente, com arma de fogo, a vida do ilustre promotor".
O sindicato alega ainda que o magistrado colocou em risco "a integridade física dos advogados, servidores e demais pessoas presentes à audiência".
"Em momento algum apontei a arma para ele. Apenas mostrei que estava armado. A arma estava descarregada, e fiz isso para evitar um dano maior, uma agressão mútua", afirma o juiz Carlos Pavanelli Batista.
Segundo seu relato, houve uma tentativa de induzir a resposta de testemunhas, com bate-boca entre o promotor e a defesa. Na discussão que se seguiu, ainda segundo o juiz, o promotor Christo Leite disse que a audiência era uma "farsa" e o chamou de "farsante".
O juiz diz que, para tentar acalmar os ânimos, uma advogada tentou oferecer água aos participantes da audiência. O magistrado diz que jogou a água no chão, porque o copo foi colocado em cima dos autos.
Ele diz que a Polícia Militar foi chamada, tendo sido lavrada ocorrência, encaminhada ao diretor do fórum. Mas nega ter colocado em risco as pessoas que estavam na audiência.
Segundo o magistrado, todos os advogados que estavam na audiência confirmaram por escrito sua versão.
O sindicato manifestou "irrestrito apoio ao promotor de Justiça agredido", que -ainda segundo a nota-, "apesar das ofensas e das ameaças que sofreu, manteve no episódio comportamento condizendo com a responsabilidade do cargo".
O Tribunal de Justiça de Minas informou que foi protocolada na Corregedoria-Geral de Justiça uma representação contra o juiz.


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