ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma Olimpíada vale um carro e alguns móveis? Para Lhofei Shiozawa, a resposta foi sim. Em 1964, o judoca vendeu os bens para bancar uma viagem a Tóquio.
Sem ajuda governamental, partiu para o Japão a fim de disputar os jogos daquele ano. Levava uma carta de recomendação escrita por um amigo, que apresentou à universidade da cidade em busca de um lugar para treinar. Foi hospedado pelo tio.
O quinto lugar na competição não arranhou a biografia de Shiozawa: ele foi o primeiro judoca brasileiro a disputar uma Olimpíada. Foi ainda o primeiro a vencer um Pan-Americano no esporte.
Nascido numa colônia japonesa próxima a São Paulo, começou a praticar judô aos seis, por influência dos irmãos. De lá para cá, ganhou 15 brasileiros, quatro pan-americanos e dois sul-americanos. Atualmente, tinha uma academia em Goiânia, onde procurava desenvolver o lado técnico dos alunos.
Como lembra o filho, Shiozawa considerava feio o judô praticado hoje, "impossível de assistir" -queria a luta menos voltada à força física.
Quando chegou a Goiânia, em 1978, após passar por Brasília e Salvador, montou um local para dar aulas, nos fundos de casa, e decidiu expor as medalhas e troféus. Foram roubados -parte acabou recuperada num mercado de pulgas da cidade.
Morreu na segunda-feira, aos 67, em Goiânia, de complicações cardíacas e pulmonares. Deixa três filhos.

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