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Jovem de 16 anos acusa militares de tortura
Adolescente invadiu quartel do Exército no Rio para fumar maconha; ele disse ter sido queimado com ácido e torturado
Internado, rapaz teve queimaduras de 1º e 2º graus e pode ficar cego; Exército nega acusações, e PF vai investigar o caso
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE,
NO RIO
Um adolescente de 16 anos
afirmou ontem ter sido queimado com ácido e torturado
por militares no Rio após pular
o muro de um quartel para fumar maconha. O Exército confirmou a detenção do jovem e o
uso de spray de pimenta, mas
nega as acusações de tortura.
O hospital onde o adolescente está internado informou que
ele sofreu queimaduras de primeiro e de segundo graus "provavelmente causadas por ácido" e pode ficar cego. A Polícia
Federal investiga o caso.
A tortura e as agressões, segundo o jovem relatou à 33ª
DP, aconteceram anteontem,
quando ele e um amigo foram
descobertos por militares no
terreno da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército,
em Realengo (zona oeste). Ele
chegou à delegacia com marcas
de queimaduras e hematomas,
diz o delegado Felipe Iuri.
Segundo o rapaz, seu amigo
conseguiu fugir, mas os militares o detiveram e iniciaram
uma sessão com queimaduras
com ácido, choques e agressão.
"Nunca senti tanta dor na minha vida", disse ele à TV Globo.
"Um tenente disse que eu tinha
três segundos para fugir, senão
iam me matar."
O delegado disse que identificou ontem alguns dos supostos
agressores, mas transferiu a
apuração à PF, que vai ouvi-los.
O Comando Militar do Leste
negou as torturas e agressões,
mas afirmou que continuará
investigando o caso. Disse ainda que os militares usaram
spray de pimenta porque o garoto resistiu à detenção. Os jovens foram liberados meia hora
depois, disse o Exército.
Socorrido pela família, o rapaz está desde ontem no hospital Pedro 2º, em Santa Cruz
(zona oeste). "Todo mundo sabe que ele estava errado, mas
isso não justifica essa tortura",
disse a mãe dele à TV Globo.
Em junho, 11 militares foram
presos após entregar a traficantes três jovens do morro da
Providência (centro do Rio). Os
três foram assassinados. Os militares estão presos.
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