São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Jovem de 16 anos acusa militares de tortura

Adolescente invadiu quartel do Exército no Rio para fumar maconha; ele disse ter sido queimado com ácido e torturado

Internado, rapaz teve queimaduras de 1º e 2º graus e pode ficar cego; Exército nega acusações, e PF vai investigar o caso

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

Um adolescente de 16 anos afirmou ontem ter sido queimado com ácido e torturado por militares no Rio após pular o muro de um quartel para fumar maconha. O Exército confirmou a detenção do jovem e o uso de spray de pimenta, mas nega as acusações de tortura.
O hospital onde o adolescente está internado informou que ele sofreu queimaduras de primeiro e de segundo graus "provavelmente causadas por ácido" e pode ficar cego. A Polícia Federal investiga o caso.
A tortura e as agressões, segundo o jovem relatou à 33ª DP, aconteceram anteontem, quando ele e um amigo foram descobertos por militares no terreno da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, em Realengo (zona oeste). Ele chegou à delegacia com marcas de queimaduras e hematomas, diz o delegado Felipe Iuri.
Segundo o rapaz, seu amigo conseguiu fugir, mas os militares o detiveram e iniciaram uma sessão com queimaduras com ácido, choques e agressão. "Nunca senti tanta dor na minha vida", disse ele à TV Globo. "Um tenente disse que eu tinha três segundos para fugir, senão iam me matar."
O delegado disse que identificou ontem alguns dos supostos agressores, mas transferiu a apuração à PF, que vai ouvi-los.
O Comando Militar do Leste negou as torturas e agressões, mas afirmou que continuará investigando o caso. Disse ainda que os militares usaram spray de pimenta porque o garoto resistiu à detenção. Os jovens foram liberados meia hora depois, disse o Exército.
Socorrido pela família, o rapaz está desde ontem no hospital Pedro 2º, em Santa Cruz (zona oeste). "Todo mundo sabe que ele estava errado, mas isso não justifica essa tortura", disse a mãe dele à TV Globo.
Em junho, 11 militares foram presos após entregar a traficantes três jovens do morro da Providência (centro do Rio). Os três foram assassinados. Os militares estão presos.


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