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Mensalidade escolar bate a inflação de 5 anos
Índices do Dieese e da Fipe ficam abaixo do percentual de reajuste das escolas no período; sindicato das escolas não comenta
Pais são aconselhados a exigir abertura da planilha de custos da escola para justificar o reajuste de preços acima da inflação
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Levantamento da Folha sobre o índice de reajuste das escolas em São Paulo, acumulado
nos últimos cinco anos, mostra
que as mensalidades subiram
bem acima da inflação registrada no mesmo período.
Na inflação medida pelo
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) entre
setembro de 2003 e o mesmo
mês deste ano, as mensalidades
subiram cerca de 50%, com pequenas variações entre cada nível de ensino, contra 30% do
índice geral de inflação.
Na Fipe (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas), o
aumento das mensalidades acima da inflação -que entre janeiro de 2003 e outubro de
2008 foi de 36%- também foi
verificado em todos os níveis.
As duas maiores variações, do
pré-vestibular e do ensino fundamental, foram de 59% e 57%,
respectivamente.
Para Cornélia Nogueira Porto, coordenadora da pesquisa
de preços do Dieese, as escolas
afirmam que o motivo é a inadimplência.
"O que temos de chamar a
atenção é que os aumentos são
realmente abusivos. E a inadimplência tem origem nesses
reajustes. Nada justifica esses
aumentos", afirma Porto.
Coordenador do IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) medido pela Fipe, Antônio Evaldo
Comune diz que os pais têm,
por meio do conselho, de solicitar à escola a abertura dos custos e discutir a variação de cada
item, partindo da inflação geral
e aceitando os aumentos que
forem comprovados.
"A lei diz que a escola não pode reajustar acima da inflação,
a menos que ela consiga comprovar, na abertura dos custos,
esse percentual superior. O
ideal é que essa planilha de custos fosse aberta para mostrar a
cada pai o porquê desse aumento. Mas eles não fazem isso", diz Comune.
Segundo o Sieeesp (sindicato
das escolas particulares do Estado), em agosto deste ano a
média de inadimplência nos
colégios do Estado era de
9,15%. A instituição prevê reajuste médio de 10% nas mensalidades das escolas em 2009.
Procurado para falar sobre os
aumentos acima da inflação
nos últimos cinco anos, o presidente do Sieeesp e da Fenep
(Federação Nacional das Escolas Particulares), José Augusto
de Mattos Lourenço, não respondeu aos pedidos de entrevista da reportagem.
Porto aconselha os pais "a
brigar e não ter tanto medo de
tirar os filhos da escola", mas
faz a ressalva: "A educação não
é um produto que se diminui o
consumo a bel-prazer".
Educadores, porém, recomendam que haja cautela para
mudanças, pois elas podem ser
prejudiciais para a seqüência
do aprendizado dos alunos.
"Acho abusivo tudo que não
puder ser comprovado. Aumentos não explicados são
abusivos. No mínimo deve haver transparência nesses reajustes", afirma Comune.
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