São Paulo, sábado, 07 de dezembro de 2002

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POLÍCIA FORA DA LEI

Governador de SP criticou o envio à OEA de documento com versão de preso ex-informante do Gradi

Para Alckmin, governo foi "irresponsável"

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que o governo federal foi "irresponsável" ao encaminhar um relatório à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) sem ouvi-lo. O documento relata o depoimento de um preso que afirma ter tido contato com o governador quando era colaborador do serviço de inteligência da Polícia Militar.
"O que foi feito foi uma irresponsabilidade. Precisa haver mais responsabilidade na administração pública", disse o governador, que nega ter falado com o preso, ex-informante do extinto Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) da PM, grupo investigado por denúncias de tortura, homicídios e abuso de poder.
A Folha revelou ontem que o documento encaminhado à comissão da OEA no dia 18 de novembro citava a afirmação feita pelo preso Rubens Leôncio Pereira, um dos principais colaboradores do Gradi. O preso disse que "esteve com várias autoridades governamentais, entre elas, o secretário da Segurança Pública e o governador do Estado".
A entrevista foi feita pelo secretário nacional de Justiça, Antonio Rodrigues de Freitas Júnior, e pelo assessor especial da Secretaria de Estado de Direitos Humanos Guilherme de Almeida, para embasar o relatório à OEA. A organização foi acionada pelo vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, e pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Orlando Fantazzini (PT-SP). Os dois querem que a Polícia Federal entre na investigação do caso e também seja responsável pela guarda dos quatro principais colaboradores do Gradi.
"Como se encaminha um documento para um organismo internacional com uma afirmação absurda, mentirosa, e sem sequer ouvir o contraditório?", questionou Alckmin.
O secretário Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública) não quis comentar o caso.
Em nota, o Ministério da Justiça informou ontem que o relatório do governo não cita a declaração do preso. "As afirmações dos sentenciados constam transcritas em síntese na nota de inspeção e visita", diz o texto, que declara também que o governo não se posicionou sobre essas afirmações.
O relatório do governo informa, no entanto, que "os relatórios das visitas estão anexados ao documento". Os anexos também foram encaminhadas à OEA.


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