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POLÍCIA FORA DA LEI
Governador de SP criticou o envio à OEA de documento com versão de preso ex-informante do Gradi
Para Alckmin, governo foi "irresponsável"
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou
ontem que o governo federal foi
"irresponsável" ao encaminhar
um relatório à Comissão Interamericana de Direitos Humanos
da OEA (Organização dos Estados Americanos) sem ouvi-lo. O
documento relata o depoimento
de um preso que afirma ter tido
contato com o governador quando era colaborador do serviço de
inteligência da Polícia Militar.
"O que foi feito foi uma irresponsabilidade. Precisa haver mais
responsabilidade na administração pública", disse o governador,
que nega ter falado com o preso,
ex-informante do extinto Gradi
(Grupo de Repressão e Análise
dos Delitos de Intolerância) da
PM, grupo investigado por denúncias de tortura, homicídios e
abuso de poder.
A Folha revelou ontem que o
documento encaminhado à comissão da OEA no dia 18 de novembro citava a afirmação feita
pelo preso Rubens Leôncio Pereira, um dos principais colaboradores do Gradi. O preso disse que
"esteve com várias autoridades
governamentais, entre elas, o secretário da Segurança Pública e o
governador do Estado".
A entrevista foi feita pelo secretário nacional de Justiça, Antonio
Rodrigues de Freitas Júnior, e pelo assessor especial da Secretaria
de Estado de Direitos Humanos
Guilherme de Almeida, para embasar o relatório à OEA. A organização foi acionada pelo vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, e
pelo presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara,
Orlando Fantazzini (PT-SP). Os
dois querem que a Polícia Federal
entre na investigação do caso e
também seja responsável pela
guarda dos quatro principais colaboradores do Gradi.
"Como se encaminha um documento para um organismo internacional com uma afirmação absurda, mentirosa, e sem sequer
ouvir o contraditório?", questionou Alckmin.
O secretário Saulo de Castro
Abreu Filho (Segurança Pública)
não quis comentar o caso.
Em nota, o Ministério da Justiça
informou ontem que o relatório
do governo não cita a declaração
do preso. "As afirmações dos sentenciados constam transcritas em
síntese na nota de inspeção e visita", diz o texto, que declara também que o governo não se posicionou sobre essas afirmações.
O relatório do governo informa,
no entanto, que "os relatórios das
visitas estão anexados ao documento". Os anexos também foram encaminhadas à OEA.
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