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AGENDA DA TRANSIÇÃO
CET tenta abafar suspensão contratual; secretário admite ordem dada às empresas, mas serviço continua
Prefeitura recua e decide manter radares
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) voltou atrás na
decisão de suspender a operação
dos radares em São Paulo, determinou a continuidade dos serviços e ainda tentou abafar a repercussão negativa da decisão tomada na última sexta, quando enviou carta às operadoras dos equipamentos informando a interrupção temporária dos contratos.
Assim como outras reduções de
serviços municipais -varrição
do lixo e guinchamento de carros,
por exemplo- definidas no final
do mandato de Marta Suplicy
(PT), a medida visava cortar despesas para tentar ajustar as contas
da prefeitura paulistana à LRF
(Lei de Responsabilidade Fiscal).
Os radares fixos e a maioria das
lombadas eletrônicas foram mantidos ligados ininterruptamente,
mas quem circulava pelas vias
paulistanas de madrugada e começo da manhã não encontrava
os radares móveis, que são acompanhados por um técnico em
tempo integral para fazer a autuação por excesso de velocidade. A
situação foi normalizada à tarde.
A CET decidiu enviar ontem
nova correspondência às empresas revogando a suspensão contratual determinada por documento expedido na sexta passada,
assinado por Maurício Regio, da
assessoria de segurança no trânsito, obtido e revelado no sábado
com exclusividade pela Folha.
Ele dava como justificativa oficial para a decisão a falta de renovação do contrato com a Secretaria Municipal dos Transportes,
pasta que libera os recursos para a
CET fornecer esse tipo de serviço.
Oficialmente, a CET informou
que a fiscalização da velocidade
esteve normal, negou pendências
para a continuidade dos serviços e
tentou desqualificar a existência
de carta com a suspensão contratual. Mas a tentativa de abafar a
informação acabou contrariada
ontem de manhã pelo secretário
dos Transportes, Jilmar Tatto, em
evento na ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
Tatto alegou que a CET mandou
uma correspondência para as empresas contratadas informando a
suspensão dos contratos a partir
da 0h de ontem "justamente para
forçar uma negociação".
"Em final de gestão, em função
da LRF (Lei de Responsabilidade
Fiscal), é preciso fechar as contas.
Estamos fazendo algumas adequações. Esse contrato é um deles", declarou, sem querer esclarecer que tipo de adequação pretende. "Você também tem que ter a
sua estratégia de negociação."
O secretário afirmou, entretanto, que não considerou essa suspensão válida aos motoristas -e
que as infrações registradas poderão ser cobradas- porque ela
não foi publicada no "Diário Oficial". "Só vale a partir da publicação no "Diário Oficial". Pelo que eu
saiba, até agora não foi feito isso."
Tatto declarou que faria uma
reunião à tarde com os fornecedores dos radares "para que não
haja descontinuidade dos serviços". O encontro acabou desmarcado. A CET pediu para as empresas manterem a fiscalização enquanto a gestão Marta define a liberação de R$ 9 milhões, a serem
empenhados, já que a quantia orçada para pagamento das operadoras em 2004 se esgotou.
Tatto afirmou que, "se necessário", faria esses empenhos. Chegou a dizer que "podemos não
suspender os contratos, mas encerrar os contratos, dependendo
da negociação", mas negou essa
possibilidade em seguida, alegando que se trata de "um serviço essencial, que mexe com a segurança das pessoas" e que "não será interrompido de forma alguma".
A cidade tem 40 radares móveis,
40 radares fixos e 100 lombadas
eletrônicas. Os aparelhos são vistos por especialistas como um dos
principais fatores para a redução
de mortes no trânsito -avaliação
exaltada pela CET, que dobrou a
quantidade desde 2003.
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