São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2004

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LAR DOCE LAR

Desempregado nadou e dormiu com ratos

Motorista reencontra mulher diante da TV

DA REPORTAGEM LOCAL

Adaílton Sequeto, 29, motorista desempregado há três anos, morador de Franco da Rocha (SP), não fugiu da imprensa. Muitos de seus colegas de vôo, deportados dos EUA, tentaram evitar as câmeras de TV e os holofotes no rosto. Ninguém esperava por ele -sua mulher não sabia a hora do vôo, contou.
O senador Marcelo Crivella (PL-RJ) disse não ver problema na exposição dos migrantes na mídia. "Eles é que devem dizer" se querem falar, disse. Crivella diz não ver "vergonha" no fato de serem vítimas de uma "crise social esmagadora".
Sequeto gastou US$ 2 mil numa viagem que acabou antes de encontrar os primos que trabalham na construção civil, em Boston. Pagaria mais US$ 8 mil aos coiotes -que fazem o "contrabando" humano na fronteira- caso fosse bem sucedido. Ficou longe de casa 32 dias, 15 deles detido.
Preso numa rodoviária, passara uma noite em meio a ratos, com outros oito brasileiros, debaixo de um barracão de madeira no México. Cruzou um rio, com água no pescoço.
Agora, é levado num carro de uma rede de TV para reencontrar a mulher, Ieda. Outros carros de reportagem vão atrás. Param perto da casa. Ele salta, tiram fotos, filmam. Volta com a mulher. A pedidos, se beijam. Adaílton e Ieda pedem emprego para as câmeras. (RC)


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