São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2004

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ESTRANHOS NO PARAÍSO

Nš é recorde num só vôo comercial; Crivella acusa Lula por "vexame" do aumento da migração

Grupo de 64 brasileiros é deportado dos EUA após prisão

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de 64 brasileiros deportados dos EUA depois de serem presos tentando atravessar a fronteira do México para entrar ilegalmente naquele país chegou ontem ao Brasil, num vôo comercial que aterrissou em São Paulo.
O anúncio da chegada dos brasileiros foi feito à imprensa pela assessoria do senador Marcelo Crivella (PL-RJ), que está desde a semana passada visitando centros de detenção de brasileiros ilegais nos Estados Unidos.
Segundo o consulado do Brasil em Houston, brasileiros são expulsos semanalmente do país. O "ineditismo" deste vôo está no número, diz o consulado, já que as companhias aéreas geralmente limitam a quantidade de deportados a no máximo 12 por viagem.
Crivella acusa a política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva de ser a responsável pelo "vexame" do crescimento do número de brasileiros presos ao tentar atravessar a fronteira do México -8.800 este ano, segundo o senador, contra 5.008, em 2003, e 488, em 1999, de acordo com dados obtidos pela Folha.
"Nossos jovens estão sem perspectiva. É preciso diminuir o superávit primário, baixar os juros."
O senador disse ter conseguido o aumento do número de vagas num vôo comercial em negociações com o Departamento de Segurança Interna dos EUA. Pressionadas com a possibilidade do aluguel de vôo "charter" para transportar os brasileiros, as empresas aéreas americanas permitiram, ele disse, o transporte de um número maior de ilegais.
Segundo Crivella, outros 60 imigrantes chegarão ao país na próxima segunda, além de outros, em grupos de 12.
Os deportados estavam no centro de detenção Limestone, no Texas. A maioria (43) tinha saído de Minas. Havia ainda migrantes de Rondônia, Goiás, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Bahia. Ficaram presos por períodos de 20 dias a quatro meses, e gastariam até US$ 10 mil pela travessia (o valor total só seria pago se a empreitada fosse bem sucedida).
Segundo o diplomata Manoel Gomes Pereira, que acompanhou o grupo, ele e Crivella visitaram centros de detenção nos EUA para trazer o maior número possível de ilegais ao país antes do Natal.


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