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ESTRANHOS NO PARAÍSO
Nš é recorde num só vôo comercial; Crivella acusa Lula por "vexame" do aumento da migração
Grupo de 64 brasileiros é deportado dos EUA após prisão
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de 64 brasileiros deportados dos EUA depois de serem presos tentando atravessar a
fronteira do México para entrar
ilegalmente naquele país chegou
ontem ao Brasil, num vôo comercial que aterrissou em São Paulo.
O anúncio da chegada dos brasileiros foi feito à imprensa pela
assessoria do senador Marcelo
Crivella (PL-RJ), que está desde a
semana passada visitando centros
de detenção de brasileiros ilegais
nos Estados Unidos.
Segundo o consulado do Brasil
em Houston, brasileiros são expulsos semanalmente do país. O
"ineditismo" deste vôo está no
número, diz o consulado, já que
as companhias aéreas geralmente
limitam a quantidade de deportados a no máximo 12 por viagem.
Crivella acusa a política econômica do governo Luiz Inácio Lula
da Silva de ser a responsável pelo
"vexame" do crescimento do número de brasileiros presos ao tentar atravessar a fronteira do México -8.800 este ano, segundo o senador, contra 5.008, em 2003, e
488, em 1999, de acordo com dados obtidos pela Folha.
"Nossos jovens estão sem perspectiva. É preciso diminuir o superávit primário, baixar os juros."
O senador disse ter conseguido
o aumento do número de vagas
num vôo comercial em negociações com o Departamento de Segurança Interna dos EUA. Pressionadas com a possibilidade do
aluguel de vôo "charter" para
transportar os brasileiros, as empresas aéreas americanas permitiram, ele disse, o transporte de um
número maior de ilegais.
Segundo Crivella, outros 60 imigrantes chegarão ao país na próxima segunda, além de outros, em
grupos de 12.
Os deportados estavam no centro de detenção Limestone, no Texas. A maioria (43) tinha saído de
Minas. Havia ainda migrantes de
Rondônia, Goiás, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Bahia.
Ficaram presos por períodos de
20 dias a quatro meses, e gastariam até US$ 10 mil pela travessia
(o valor total só seria pago se a
empreitada fosse bem sucedida).
Segundo o diplomata Manoel
Gomes Pereira, que acompanhou
o grupo, ele e Crivella visitaram
centros de detenção nos EUA para trazer o maior número possível
de ilegais ao país antes do Natal.
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