São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2004

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SALA DE AULA

Em Várzea Paulista, crianças dizem que tiveram boca fechada

Professora é acusada de calar aluno com fita crepe

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

A mãe de uma criança de sete anos registrou boletim de ocorrência na polícia no qual acusa uma professora de usar fita crepe para calar o aluno em sala de aula, na escola estadual Natanael Silva, em Várzea Paulista (SP).
Outras duas mães de alunos da mesma classe -1ª série do ensino fundamental- afirmam que seus filhos também tiveram a boca fechada com fita crepe no mesmo dia e já registraram queixas na diretoria de ensino da cidade.
A professora, identificada apenas como Maria Ivone, admitiu, por meio da diretoria da escola, ter usado a fita crepe, mas diz que agiu por brincadeira. Ela afirmou que os três alunos permaneceram menos de três minutos com a fita.
O diretor da escola, Eduardo Maffasoli, disse ontem que a professora admitiu a ele ter feito a punição por brincadeira. "Não posso tolerar esse tipo de atitude. Mas ela alega que fez por brincadeira, e não podemos crucificá-la." A professora disse que, mesmo depois de ter "calado" os alunos, eles continuaram zombando dela. Alegando à reportagem que errou, Maria Ivone afirmou que o caso ocorreu em "um momento em que a classe extrapolou".
A professora continua a dar aulas e responderá a uma comissão de averiguação preliminar coordenada por dirigentes de ensino. O caso ocorreu há 15 dias.
A Polícia Civil abriu inquérito e começa a ouvir envolvidos nesta semana. "Vamos apurar a acusação de maus-tratos. A detenção vai de um mês a um ano em caso de condenação. Mas nesse caso pode ser aplicada uma pena de serviços prestados à comunidade, se condenada", disse o delegado Hamilton de Souza, que quer concluir o inquérito em dez dias.
Segundo a mãe que registrou o boletim de ocorrência, Fabiana Nascimento, 27, o menino pediu para apanhar uma borracha que caiu no chão e foi advertido pela professora. "Ela mandou ele calar a boca. Ele pediu novamente para pegar a borracha, e ela colou a fita crepe na boca dele", disse a mãe.
Ela afirmou que seu filho contou que foi ameaçado pela professora para não falar aos pais sobre a punição aplicada.
"O meu filho me disse que não contou antes porque estava com medo, pois a professora ameaçou aplicar o castigo de novo. Fiquei sabendo do caso em conversa com outra mãe e fui perguntar ao meu filho se era verdade, e ele me contou tudo."
O menino confirmou à Folha a acusação. "Ela [professora] estava brava com a gente e colocou a fita na minha boca."

Nova Odessa
A comissão de sindicância que apura a acusação de castigo aplicado a um aluno de sete anos em uma escola municipal de Nova Odessa (SP) adiou a divulgação do relatório final sobre o caso.
Os pais mantiveram a acusação de que filho foi esquecido de castigo atrás da porta da sala de aula.


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