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SALA DE AULA
Em Várzea Paulista, crianças dizem que tiveram boca fechada
Professora é
acusada de
calar aluno com fita crepe
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
A mãe de uma criança de sete
anos registrou boletim de ocorrência na polícia no qual acusa
uma professora de usar fita crepe
para calar o aluno em sala de aula,
na escola estadual Natanael Silva,
em Várzea Paulista (SP).
Outras duas mães de alunos da
mesma classe -1ª série do ensino
fundamental- afirmam que seus
filhos também tiveram a boca fechada com fita crepe no mesmo
dia e já registraram queixas na diretoria de ensino da cidade.
A professora, identificada apenas como Maria Ivone, admitiu,
por meio da diretoria da escola,
ter usado a fita crepe, mas diz que
agiu por brincadeira. Ela afirmou
que os três alunos permaneceram
menos de três minutos com a fita.
O diretor da escola, Eduardo
Maffasoli, disse ontem que a professora admitiu a ele ter feito a punição por brincadeira. "Não posso tolerar esse tipo de atitude. Mas
ela alega que fez por brincadeira, e
não podemos crucificá-la." A
professora disse que, mesmo depois de ter "calado" os alunos, eles
continuaram zombando dela.
Alegando à reportagem que errou, Maria Ivone afirmou que o
caso ocorreu em "um momento
em que a classe extrapolou".
A professora continua a dar aulas e responderá a uma comissão
de averiguação preliminar coordenada por dirigentes de ensino.
O caso ocorreu há 15 dias.
A Polícia Civil abriu inquérito e
começa a ouvir envolvidos nesta
semana. "Vamos apurar a acusação de maus-tratos. A detenção
vai de um mês a um ano em caso
de condenação. Mas nesse caso
pode ser aplicada uma pena de
serviços prestados à comunidade,
se condenada", disse o delegado
Hamilton de Souza, que quer
concluir o inquérito em dez dias.
Segundo a mãe que registrou o
boletim de ocorrência, Fabiana
Nascimento, 27, o menino pediu
para apanhar uma borracha que
caiu no chão e foi advertido pela
professora. "Ela mandou ele calar
a boca. Ele pediu novamente para
pegar a borracha, e ela colou a fita
crepe na boca dele", disse a mãe.
Ela afirmou que seu filho contou que foi ameaçado pela professora para não falar aos pais sobre
a punição aplicada.
"O meu filho me disse que não
contou antes porque estava com
medo, pois a professora ameaçou
aplicar o castigo de novo. Fiquei
sabendo do caso em conversa
com outra mãe e fui perguntar ao
meu filho se era verdade, e ele me
contou tudo."
O menino confirmou à Folha a
acusação. "Ela [professora] estava
brava com a gente e colocou a fita
na minha boca."
Nova Odessa
A comissão de sindicância que
apura a acusação de castigo aplicado a um aluno de sete anos em
uma escola municipal de Nova
Odessa (SP) adiou a divulgação
do relatório final sobre o caso.
Os pais mantiveram a acusação
de que filho foi esquecido de castigo atrás da porta da sala de aula.
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