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ADMINISTRAÇÃO
Sem apoio financeiro do governo Alckmin, o prefeito Serra trocará piso de apenas 12 km dos 94 km das vias
Marginais ganham recapeamento parcial
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de 13 anos, as marginais
Tietê e Pinheiros, as duas vias
mais movimentadas da cidade de
São Paulo, começaram a ser recapeadas neste final de semana.
Mas apenas 12 dos 94 quilômetros (12,7%) serão refeitos neste
primeiro momento porque a gestão do prefeito José Serra não recebeu até agora a ajuda financeira
que pretendia obter do governador Geraldo Alckmin. Ambos são
do PSDB e almejam a vaga do partido para disputar a sucessão presidencial em 2006.
Inicialmente, a prefeitura previa
recapear os 94 quilômetros das
vias (47 km de cada lado dos rios),
a um custo estimado de R$ 250
milhões. Sem o auxílio estadual,
vai desembolsar R$ 13 milhões de
seus próprios recursos.
O plano da prefeitura para as
marginais, no entanto, é muito
mais ambicioso. Inclui a construção de novas faixas, financiadas
pela iniciativa privada. O custo seria coberto pela cobrança de pedágio. Uma recuperação completa das marginais, incluindo sinalização e as novas faixas, custaria
cerca de R$ 400 milhões.
O último recapeamento completo dessas vias ocorreu no final
da gestão da ex-prefeita Luiza
Erundina, que governou entre
1989 e 1992.
No final de março deste ano,
dias depois do pedido de auxílio
financeiro feito pela prefeitura,
Alckmin declarou que achava "difícil" sua administração colocar
dinheiro na obra. "São recursos
vultosos que o Estado não dispõe.
Nosso Orçamento é bastante justo", afirmou, à época.
Procurado ontem pela Folha, o
governador disse, por meio de sua
assessoria de imprensa, que "está
estudando a questão".
Obra noturna
Com previsão de término para o
final deste mês, se não chover
muito, o recapeamento será feito
no período noturno para não prejudicar o trânsito, segundo o secretário municipal das Subprefeituras, Walter Feldman.
Na marginal Tietê, será recapeado um trecho de 2,9 km, entre as
pontes da Casa Verde e das Bandeiras, na zona norte. Na Pinheiros, o trecho escolhido (de 3,1 km)
fica entre as pontes do Morumbi e
João Dias, na zona sul.
As obras serão feitas entre as
22h e as 5h, estendendo-se até as
9h aos domingos. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
monitorará o trânsito nos trechos
em obras, em ambos os sentidos,
nas pistas locais e expressas.
Segundo Walter Feldman, o Orçamento paulistano para 2006
-que tramita na Câmara Municipal- proposto por Serra não
prevê verba específica para recapear as marginais.
"Mas o prefeito tem essas vias
como prioridade absoluta de sua
gestão. Pode ser que consigamos
remanejar verba e continuar o recapeamento no ano que vem. Mas
ainda não há nada definido sobre
isso", afirma o secretário municipal das Subprefeituras.
Resistência
O asfalto usado terá maior elasticidade e resistência, mas ainda
assim a obra retoma uma antiga
discussão: o recapeamento deve
ser feito com asfalto ou concreto,
sendo o segundo material mais
caro e mais duradouro?
Ernesto Simões Preussler, ex-professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e especialista em pavimento, diz que o
concreto é um material mais econômico a longo prazo.
"Numa via como a marginal, o
asfalto dura no máximo dez anos.
Já o concreto, uns 40 anos. É por
isso que as concessionárias de rodovias estão optando pelo concreto nas pistas novas, como as do
Rodoanel e da Imigrantes."
O engenheiro civil Marcelo Rosenberg, conselheiro do Instituto
de Engenharia, diz que o uso de
concreto pode representar um
acréscimo de até 50% no preço final da obra. "Mas a longo prazo se
faz economia na manutenção.
Acaba compensando. É um velho
dilema do administrador público:
gastar mais agora e possibilitar
uma economia no futuro ou remediar a situação atual e empurrar o problema para depois", afirmou o engenheiro.
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