São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Sem apoio financeiro do governo Alckmin, o prefeito Serra trocará piso de apenas 12 km dos 94 km das vias

Marginais ganham recapeamento parcial

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de 13 anos, as marginais Tietê e Pinheiros, as duas vias mais movimentadas da cidade de São Paulo, começaram a ser recapeadas neste final de semana.
Mas apenas 12 dos 94 quilômetros (12,7%) serão refeitos neste primeiro momento porque a gestão do prefeito José Serra não recebeu até agora a ajuda financeira que pretendia obter do governador Geraldo Alckmin. Ambos são do PSDB e almejam a vaga do partido para disputar a sucessão presidencial em 2006.
Inicialmente, a prefeitura previa recapear os 94 quilômetros das vias (47 km de cada lado dos rios), a um custo estimado de R$ 250 milhões. Sem o auxílio estadual, vai desembolsar R$ 13 milhões de seus próprios recursos.
O plano da prefeitura para as marginais, no entanto, é muito mais ambicioso. Inclui a construção de novas faixas, financiadas pela iniciativa privada. O custo seria coberto pela cobrança de pedágio. Uma recuperação completa das marginais, incluindo sinalização e as novas faixas, custaria cerca de R$ 400 milhões.
O último recapeamento completo dessas vias ocorreu no final da gestão da ex-prefeita Luiza Erundina, que governou entre 1989 e 1992.
No final de março deste ano, dias depois do pedido de auxílio financeiro feito pela prefeitura, Alckmin declarou que achava "difícil" sua administração colocar dinheiro na obra. "São recursos vultosos que o Estado não dispõe. Nosso Orçamento é bastante justo", afirmou, à época.
Procurado ontem pela Folha, o governador disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que "está estudando a questão".

Obra noturna
Com previsão de término para o final deste mês, se não chover muito, o recapeamento será feito no período noturno para não prejudicar o trânsito, segundo o secretário municipal das Subprefeituras, Walter Feldman.
Na marginal Tietê, será recapeado um trecho de 2,9 km, entre as pontes da Casa Verde e das Bandeiras, na zona norte. Na Pinheiros, o trecho escolhido (de 3,1 km) fica entre as pontes do Morumbi e João Dias, na zona sul.
As obras serão feitas entre as 22h e as 5h, estendendo-se até as 9h aos domingos. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) monitorará o trânsito nos trechos em obras, em ambos os sentidos, nas pistas locais e expressas.
Segundo Walter Feldman, o Orçamento paulistano para 2006 -que tramita na Câmara Municipal- proposto por Serra não prevê verba específica para recapear as marginais.
"Mas o prefeito tem essas vias como prioridade absoluta de sua gestão. Pode ser que consigamos remanejar verba e continuar o recapeamento no ano que vem. Mas ainda não há nada definido sobre isso", afirma o secretário municipal das Subprefeituras.

Resistência
O asfalto usado terá maior elasticidade e resistência, mas ainda assim a obra retoma uma antiga discussão: o recapeamento deve ser feito com asfalto ou concreto, sendo o segundo material mais caro e mais duradouro?
Ernesto Simões Preussler, ex-professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e especialista em pavimento, diz que o concreto é um material mais econômico a longo prazo.
"Numa via como a marginal, o asfalto dura no máximo dez anos. Já o concreto, uns 40 anos. É por isso que as concessionárias de rodovias estão optando pelo concreto nas pistas novas, como as do Rodoanel e da Imigrantes."
O engenheiro civil Marcelo Rosenberg, conselheiro do Instituto de Engenharia, diz que o uso de concreto pode representar um acréscimo de até 50% no preço final da obra. "Mas a longo prazo se faz economia na manutenção. Acaba compensando. É um velho dilema do administrador público: gastar mais agora e possibilitar uma economia no futuro ou remediar a situação atual e empurrar o problema para depois", afirmou o engenheiro.


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