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Após fuga, chileno veio ao Brasil
ROGERIO WASSERMANN
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
O Brasil havia sido o primeiro
destino de Maurício Hernández
Norambuena, 43, líder do sequestro de Washington Olivetto, após
ter sido resgatado de helicóptero
de uma prisão de segurança máxima em Santiago, em 1996, com
outros três integrantes da Frente
Patriótica Manuel Rodriguez
(FPMR), segundo fonte ligada ao
grupo que falou à Folha em condição de anonimato.
Hernández, ou "comandante
Ramiro", teria passado depois pelo México e por Cuba antes de
chegar à Colômbia. Teria ainda
entrado e saído do Brasil algumas
vezes nesse período.
Na Colômbia, Hernández teria
sido acompanhado por Alfredo
Canales Moreno, também preso
pelo sequestro de Olivetto, e de
José Muñoz Alcoholado, ambos
integrantes de uma das inúmeras
divisões do MIR (Movimento da
Esquerda Revolucionária) e que
se mantém na luta armada, denominada MIR-EGP. Muñoz seria o
primeiro homem do grupo, e Canales, o terceiro.
Também teriam estado na Colômbia Ricardo Palma Salamanca
e Pablo Muñoz Hoffman, que fugiram da prisão com Hernández
Norambuena em 1996. Salamanca é um dos possíveis participantes do sequestro de Olivetto, segundo as investigações da polícia
de São Paulo.
A presença dos chilenos na Colômbia objetivava dar apoio às
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal
grupo guerrilheiro do país, envolvido numa guerra civil de quase
quatro décadas. Dentro dessa lógica, o sequestro de Olivetto, pelo
qual pediram US$ 10 milhões, visava reforçar e equipar o "grupo
chileno" na Colômbia, permitindo a ele ter mais voz e poder dentro da organização.
A cooperação com as Farc teria
sido intensificada após janeiro de
2001, quando Galvarino Apablaza
Guerra, o "comandante Salvador", renunciou à liderança da
FPMR e optou pelo caminho da
reintegração política, abrindo espaço para que Hernández, com
uma opção mais militarista, assumisse o comando do grupo.
Hernández, que comandava
uma das três vertentes em que o
grupo estava então dividido, teve
o apoio da ala liderada por Juán
Gutiérrez Fischman, o "Chele", filho de um ex-guerrilheiro boliviano casado com uma chilena, que
liderava outra vertente -a terceira era a liderada por "Salvador".
A Colômbia teria sido escolhida
pelo grupo por ser o país da América do Sul no qual se desenvolve
uma antiga guerra civil, com pelo
menos dois fortes grupos guerrilheiros, e que sofreria, na avaliação deles, uma ameaça de invasão
americana que poderia afetar o
equilíbrio político na região.
Mesmo atuando na Colômbia, o
grupo chileno manteve suas "bases de apoio" na Argentina e no
Brasil, para onde muitos de seus
integrantes fugiram durante a ditadura de Augusto Pinochet
(1973-1989).
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