São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2002

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Sequestradores foram torturados, afirma advogado

MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

O advogado chileno Alberto Espinoza, que defende Mauricio Hernández Norambuena, apontado como o líder do sequestro do publicitário Washington Olivetto, afirmou que os seis presos acusados de participação no caso foram torturados quando foram detidos em Serra Negra (150 km de São Paulo), há uma semana.
Segundo o advogado, os presos ficaram em um pau-de-arara, passaram por choque elétrico e foram espancados.
Espinoza disse que, no Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado) e na Casa de Custódia de Taubaté (130 km de SP), onde estão detidos atualmente, os presos não sofreram agressões físicas.
O advogado informou que eles não apresentam marcas ou hematomas das agressões, mas vai acionar a Justiça brasileira e órgãos internacionais para apurar o caso. Ele vai entrar com uma medida cautelar pedindo para resguardar a integridade física dos presos. Ele confirmou que Hernández integra a Frente Patriótica Manuel Rodriguez. "Lutou contra o regime militar e ajudou a estabelecer a democracia no país."
Ontem, o advogado entrou na Casa de Custódia e ficou com Hernández por uma hora e meia.
Além de Espinoza, o advogado brasileiro Jaime Motta (contactado pelo consulado chileno), Cecília Hernández Norambuena, irmã de Hernández, e Mari Carmen Canales Moreno, irmã de Alfredo Canales Moreno, o outro suposto sequestrador preso no local, estiveram no presídio. Eles levaram alimentos, produtos de higiene, toalhas, revistas e cadernos.
Apesar de estarem sendo "bem-tratados" na Custódia, Espinoza afirmou que a condição de os presos estarem sendo mantidos "incomunicáveis" pode ser considerada uma forma de tortura.

Outro lado
O delegado titular de Serra Negra, Sidney de Oliveira Poloni, que participou da prisão da quadrilha, negou ontem que tenha havido espancamento ou choques contra os acusados.
"Não houve nada disso. Não ocorreu nenhuma violência física nem da nossa parte [policiais civis ou militares" nem da parte deles."
Segundo ele, três policiais civis e cerca de 20 homens da Polícia Militar participaram da ação. O 1º tenente da PM de Serra Negra, Marcelo Tosi Souza, que comandou a prisão, foi procurado ontem pela Folha, mas o comando informou que ele estava em São Paulo e não poderia falar com a reportagem.

Visita
Os dois sequestradores receberam ontem a visita de suas irmãs -contrariando as regras da unidade, que proíbe visitas nos 30 primeiros dias. Segundo o diretor da Casa de Custódia, José Ismael Pedrosa, que até então afirmava que os detentos não estavam recebendo um tratamento diferenciado, a visita foi autorizada pela Secretaria de Administração Penitenciária.
Segundo a secretaria, casos excepcionais são previstos em um "ofício técnico-administrativo" que foi distribuído às penitenciárias do Estado em maio. "No caso deles [os chilenos", concedemos 15 minutos porque as irmãs vieram do Chile e, quando as visitas forem liberadas, após 30 dias, elas não poderão vê-los com frequência", disse Pedrosa. Mas as duas permaneceram por pelo menos uma hora e 20 minutos.


Colaborou a Folha Campinas

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