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Sequestradores foram torturados, afirma advogado
MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE
O advogado chileno Alberto Espinoza, que defende Mauricio
Hernández Norambuena, apontado como o líder do sequestro do
publicitário Washington Olivetto,
afirmou que os seis presos acusados de participação no caso foram
torturados quando foram detidos
em Serra Negra (150 km de São
Paulo), há uma semana.
Segundo o advogado, os presos
ficaram em um pau-de-arara,
passaram por choque elétrico e
foram espancados.
Espinoza disse que, no Deic
(Departamento de Investigações
sobre Crime Organizado) e na Casa de Custódia de Taubaté (130
km de SP), onde estão detidos
atualmente, os presos não sofreram agressões físicas.
O advogado informou que eles
não apresentam marcas ou hematomas das agressões, mas vai
acionar a Justiça brasileira e órgãos internacionais para apurar o
caso. Ele vai entrar com uma medida cautelar pedindo para resguardar a integridade física dos
presos. Ele confirmou que Hernández integra a Frente Patriótica
Manuel Rodriguez. "Lutou contra
o regime militar e ajudou a estabelecer a democracia no país."
Ontem, o advogado entrou na
Casa de Custódia e ficou com
Hernández por uma hora e meia.
Além de Espinoza, o advogado
brasileiro Jaime Motta (contactado pelo consulado chileno), Cecília Hernández Norambuena, irmã
de Hernández, e Mari Carmen
Canales Moreno, irmã de Alfredo
Canales Moreno, o outro suposto
sequestrador preso no local, estiveram no presídio. Eles levaram
alimentos, produtos de higiene,
toalhas, revistas e cadernos.
Apesar de estarem sendo "bem-tratados" na Custódia, Espinoza
afirmou que a condição de os presos estarem sendo mantidos "incomunicáveis" pode ser considerada uma forma de tortura.
Outro lado
O delegado titular de Serra Negra, Sidney de Oliveira Poloni,
que participou da prisão da quadrilha, negou ontem que tenha
havido espancamento ou choques contra os acusados.
"Não houve nada disso. Não
ocorreu nenhuma violência física
nem da nossa parte [policiais civis
ou militares" nem da parte deles."
Segundo ele, três policiais civis e
cerca de 20 homens da Polícia Militar participaram da ação. O 1º tenente da PM de Serra Negra, Marcelo Tosi Souza, que comandou a
prisão, foi procurado ontem pela
Folha, mas o comando informou
que ele estava em São Paulo e não
poderia falar com a reportagem.
Visita
Os dois sequestradores receberam ontem a visita de suas irmãs
-contrariando as regras da unidade, que proíbe visitas nos 30
primeiros dias. Segundo o diretor
da Casa de Custódia, José Ismael
Pedrosa, que até então afirmava
que os detentos não estavam recebendo um tratamento diferenciado, a visita foi autorizada pela Secretaria de Administração Penitenciária.
Segundo a secretaria, casos excepcionais são previstos em um
"ofício técnico-administrativo"
que foi distribuído às penitenciárias do Estado em maio. "No caso
deles [os chilenos", concedemos
15 minutos porque as irmãs vieram do Chile e, quando as visitas
forem liberadas, após 30 dias, elas
não poderão vê-los com frequência", disse Pedrosa. Mas as duas
permaneceram por pelo menos
uma hora e 20 minutos.
Colaborou a Folha Campinas
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