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2 textos de repórter denunciado têm erros
José Messias Xavier, acusado de favorecer quadrilha de caça-níqueis, diz que se baseou em delegado
DA SUCURSAL DO RIO
Após denúncia feita em dezembro pelo Ministério Público Federal à Justiça, acusando
o jornalista José Messias Xavier de integrar uma quadrilha
que explora caça-níqueis, a Folha decidiu esquadrinhar a sua
produção no jornal. Messias
colaborou com a Sucursal do
Rio, como repórter free-lancer,
de junho a outubro de 2005.
Em 40 dias, uma equipe de
jornalistas da Folha identificou 81 textos escritos por Messias e publicados. Constatou
incorreções em dois.
Os textos "PF investiga chefe
da Polícia Civil do Rio" e "Caça-níqueis movimentam R$ 300
mi/ano", publicados em 24 de
outubro de 2005, contêm erros
factuais e informações que não
se confirmaram. O jornal faz as
correções hoje na seção "Erramos", à pág A3.
Em dezembro do ano passado, quando trabalhava na TV
Globo, Messias foi acusado pelo Ministério Público de pertencer a uma das quadrilhas de
caça-níqueis da zona oeste.
Uma das tarefas de Messias,
de acordo com a denúncia da
Procuradoria da República, era
"plantar" em meios de comunicação notícias desfavoráveis à
quadrilha de Rogério Costa de
Andrade e Silva.
A outra seria obter informações privilegiadas para a organização criminosa rival, encabeçada por Fernando de Miranda Iggnácio.
O conteúdo da reportagem
sobre a suposta investigação a
respeito de Álvaro Lins, então
chefe de Polícia Civil do Rio,
coincide com um dos objetivos
que a Procuradoria aponta nas
suas ações à época em que era
produtor (função equivalente à
de repórter) da TV Globo: difundir informações negativas
sobre o delegado, sugerindo
que ele ajudaria Andrade.
Não é possível, contudo, concluir que os equívocos do texto
de 2005 tenham sido cometidos com o propósito de prejudicar uns e favorecer outros.
Messias só passou a ser alvo
de vigilância e monitoramento
telefônico pela Polícia Federal
-com autorização judicial-
em julho de 2006. Antes de
prestar serviços à Folha, por
sete anos ele foi repórter do
diário "Extra". De novembro
de 2005 a dezembro de 2006,
foi primeiro colaborador e depois contratado da TV Globo,
que o demitiu quando o Ministério Público fez a acusação.
A reportagem de 24 de outubro de 2005 informava que a
PF abriria inquérito para investigar suposto crime de prevaricação (não agir como exigido na função pública) de Lins.
O motivo seria não alertar as
autoridades federais sobre
componentes contrabandeados nos caça-níqueis de Andrade apreendidos. Hoje deputado
estadual, Lins afirma que não
poderia avisar porque não recebera tal constatação.
Delegado da PF, Marcelo Nogueira de Souza foi citado como
autor de frase que anunciava o
inquérito. Ouvido agora, diz
que não pensou em instaurá-lo.
A reportagem relatou que o
Ministério Público determinara a abertura de inquérito. O
procurador da República Carlos Alberto Gomes de Aguiar
afirma ignorar tal requisição
em 2005. E diz que Lins só passou a ser investigado em 2006.
Ouvido pela Folha, Messias
diz que se baseou em informação obtida com fontes da PF e
confirmada pelo delegado Nogueira de Souza. Afirma não ter
gravado as declarações. "Eu tenho 23 anos de profissão. Sempre procurei ser correto. Meu
objetivo foi sempre publicar
matérias de interesse público."
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