São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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2 textos de repórter denunciado têm erros

José Messias Xavier, acusado de favorecer quadrilha de caça-níqueis, diz que se baseou em delegado

DA SUCURSAL DO RIO

Após denúncia feita em dezembro pelo Ministério Público Federal à Justiça, acusando o jornalista José Messias Xavier de integrar uma quadrilha que explora caça-níqueis, a Folha decidiu esquadrinhar a sua produção no jornal. Messias colaborou com a Sucursal do Rio, como repórter free-lancer, de junho a outubro de 2005.
Em 40 dias, uma equipe de jornalistas da Folha identificou 81 textos escritos por Messias e publicados. Constatou incorreções em dois.
Os textos "PF investiga chefe da Polícia Civil do Rio" e "Caça-níqueis movimentam R$ 300 mi/ano", publicados em 24 de outubro de 2005, contêm erros factuais e informações que não se confirmaram. O jornal faz as correções hoje na seção "Erramos", à pág A3.
Em dezembro do ano passado, quando trabalhava na TV Globo, Messias foi acusado pelo Ministério Público de pertencer a uma das quadrilhas de caça-níqueis da zona oeste.
Uma das tarefas de Messias, de acordo com a denúncia da Procuradoria da República, era "plantar" em meios de comunicação notícias desfavoráveis à quadrilha de Rogério Costa de Andrade e Silva.
A outra seria obter informações privilegiadas para a organização criminosa rival, encabeçada por Fernando de Miranda Iggnácio.
O conteúdo da reportagem sobre a suposta investigação a respeito de Álvaro Lins, então chefe de Polícia Civil do Rio, coincide com um dos objetivos que a Procuradoria aponta nas suas ações à época em que era produtor (função equivalente à de repórter) da TV Globo: difundir informações negativas sobre o delegado, sugerindo que ele ajudaria Andrade.
Não é possível, contudo, concluir que os equívocos do texto de 2005 tenham sido cometidos com o propósito de prejudicar uns e favorecer outros.
Messias só passou a ser alvo de vigilância e monitoramento telefônico pela Polícia Federal -com autorização judicial- em julho de 2006. Antes de prestar serviços à Folha, por sete anos ele foi repórter do diário "Extra". De novembro de 2005 a dezembro de 2006, foi primeiro colaborador e depois contratado da TV Globo, que o demitiu quando o Ministério Público fez a acusação.
A reportagem de 24 de outubro de 2005 informava que a PF abriria inquérito para investigar suposto crime de prevaricação (não agir como exigido na função pública) de Lins.
O motivo seria não alertar as autoridades federais sobre componentes contrabandeados nos caça-níqueis de Andrade apreendidos. Hoje deputado estadual, Lins afirma que não poderia avisar porque não recebera tal constatação.
Delegado da PF, Marcelo Nogueira de Souza foi citado como autor de frase que anunciava o inquérito. Ouvido agora, diz que não pensou em instaurá-lo.
A reportagem relatou que o Ministério Público determinara a abertura de inquérito. O procurador da República Carlos Alberto Gomes de Aguiar afirma ignorar tal requisição em 2005. E diz que Lins só passou a ser investigado em 2006.
Ouvido pela Folha, Messias diz que se baseou em informação obtida com fontes da PF e confirmada pelo delegado Nogueira de Souza. Afirma não ter gravado as declarações. "Eu tenho 23 anos de profissão. Sempre procurei ser correto. Meu objetivo foi sempre publicar matérias de interesse público."


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