São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Paulistanos desfilam seus estilos na noite da cidade

Do gótico ao country passando pelos moderninhos, os tipos que fazem sucesso em SP

Conheça personagens que se destacam nas baladas e se diferenciam pela música que ouvem, do metal ao indie, e pelo que vestem

RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA

Diga-me como te vestes e te direi quem és. Uma releitura do ditado, adaptado à noite paulistana, pode revelar tipos e grupos bem marcados.
A Folha percorreu cinco baladas de sucesso em São Paulo em busca das figuras mais características de tribos que se espalham pela cena noturna da metrópole: os metaleiros e góticos, os rockers e indies, os modernos e fashionistas, a turma do country e os com grife.
A simples escolha do local em que a galera vai se divertir delimita o guarda-roupa e o tipo de som. "A música define o que se vai vestir", diz Marcio Banfi, stylist e professor da Faculdade Santa Marcelina.

Os estilos
O pessoal que curte rock indie, estilo que caracteriza bandas que não são lançadas por grandes gravadoras, pode ser encontrado nas imediações da rua Augusta, nas imediações da avenida Paulista, em clubes como Milo Garage, Outs e FunHouse. Usam roupa com muitas referências, se conectam com as novidades musicais pela internet e buscam lugares para curtir um som que ainda não estourou.
Já a galera que gosta de música country e sertaneja desfila pelo Villa Country, no bairro da Água Branca, na zona oeste da cidade, com suas botas e chapéus de caubói. Os fashionistas se jogam em baladas como a Vai!, no clube Glória, onde não há limites para a montação. "O jovem se expressa por meio do que veste", diz Banfi. "Os playboys usam roupas de grife pra dizer que estão podendo."
Os endinheirados costumam se exibir em clubes como o Royal e a Disco, mas também circulam pelo Vegas e o D-Edge, redutos dos moderninhos. "O jovem hoje transita em vários contextos", afirma o antropólogo italiano Massimo Canevacci, autor de "Fetichismos Visuais -Corpos Erópticos e Metrópole Comunicacional" (Ateliê Editorial, 336 págs, R$ 45). Para ele, o conceito de tribo, em que todos têm o mesmo estilo e cultura, é limitante.

Simplesmente um estilo
As escolhas hoje são muito mais individuais do que coletivas. "O jovem se interessa por consumo, cultura e comunicação", diz o antropólogo, ao defender que, para entender um grupo, é necessário analisar também o corpo das pessoas que o compõem. "O fetichismo visual está virando elemento fundamental de identidade. É plural e móvel."
As roupas e os acessórios usados na noite paulistana para diferenciar os grupos reforçam a opinião de Massimo. O representante comercial Wagner Olivieri, 31, o Spider -calça de couro, coturnos, lentes de contato brancas e fã de metal-, faz questão de ressaltar que sua aparência nada tem a ver com revolta ou crítica à sociedade. "É simplesmente um estilo."
Confira nos exemplos ao lado como se vestem e o que ouvem algumas das turmas que manifestam seus gostos com muita personalidade.

Atual é usar roupa antiga

Eduardo Laurino, 29, não se considera nem fashionista nem vanguardista; ele se define como "brecholento". "Compro minhas roupas em brechós e bazares de igrejas e associações", diz o designer de joias, que tem visual inspirado nas décadas de 40 e 80. Sempre de óculos escuros, Eduardo é daqueles que dá pinta na São Paulo Fashion Week. Para dançar, Eduardo prefere sons antigos, como Abba, Queen, New Order, Donna Summer e B-52's.
Chapéu de caubói é obrigatório

A cantora Fabiana Carvalho, 26, compõe o visual com mini xadrez, botas transadas, shorts, coletes e saias desfiadas. Chapéu de caubói é obrigatório, até mesmo fora do reduto. Ela vai a festas que tocam forró, pagode e música eletrônica.

Itens retrô criam look glamouroso

A fotógrafa Fernanda Pires, 27, presta atenção a cada detalhe do visual. Foi assim que surgiu de minissaia jeans e óculos, que compunham um look retrô, bem ao gosto da turma indie. "À noite, tento seguir uma linha mais glamourosa."

Visual tem preto dos pés à cabeça

O técnico de informática Leandro Inácio Pereira, 26, não dispensa roupa social, gravata, lentes coloridas, pancake, batom e lápis preto. Ele encontra outros góticos na Ocean Club e é fã de Lacrimosa, Rammstein e Marilyn Manson.

Eles investem nas peças caras

"Gosto de um som eletrônico mais comercial, pop rock e de músicas que tocam na rádio e que têm letras", diz Cristhiane Santos, 29, frequentadora de uma casa noturna em que quase todos desfilam suas camisas e bolsas com logomarcas.


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