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Paulistanos desfilam seus estilos na noite da cidade
Do gótico ao country passando pelos moderninhos, os tipos que fazem sucesso em SP
Conheça personagens que se destacam nas baladas e se diferenciam pela música que ouvem, do metal ao indie, e pelo que vestem
RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA
Diga-me como te vestes e te
direi quem és. Uma releitura do
ditado, adaptado à noite paulistana, pode revelar tipos e grupos bem marcados.
A Folha percorreu cinco baladas de sucesso em São Paulo
em busca das figuras mais características de tribos que se
espalham pela cena noturna da
metrópole: os metaleiros e góticos, os rockers e indies, os
modernos e fashionistas, a turma do country e os com grife.
A simples escolha do local
em que a galera vai se divertir
delimita o guarda-roupa e o tipo de som. "A música define o
que se vai vestir", diz Marcio
Banfi, stylist e professor da Faculdade Santa Marcelina.
Os estilos
O pessoal que curte rock indie, estilo que caracteriza bandas que não são lançadas por
grandes gravadoras, pode ser
encontrado nas imediações da
rua Augusta, nas imediações da
avenida Paulista, em clubes como Milo Garage, Outs e
FunHouse. Usam roupa com
muitas referências, se conectam com as novidades musicais
pela internet e buscam lugares
para curtir um som que ainda
não estourou.
Já a galera que gosta de música country e sertaneja desfila
pelo Villa Country, no bairro da
Água Branca, na zona oeste da
cidade, com suas botas e chapéus de caubói. Os fashionistas
se jogam em baladas como a
Vai!, no clube Glória, onde não
há limites para a montação. "O
jovem se expressa por meio do
que veste", diz Banfi. "Os playboys usam roupas de grife pra
dizer que estão podendo."
Os endinheirados costumam
se exibir em clubes como o Royal e a Disco, mas também circulam pelo Vegas e o D-Edge,
redutos dos moderninhos. "O
jovem hoje transita em vários
contextos", afirma o antropólogo italiano Massimo Canevacci,
autor de "Fetichismos Visuais
-Corpos Erópticos e Metrópole
Comunicacional" (Ateliê Editorial, 336 págs, R$ 45). Para
ele, o conceito de tribo, em que
todos têm o mesmo estilo e cultura, é limitante.
Simplesmente um estilo
As escolhas hoje são muito
mais individuais do que coletivas. "O jovem se interessa por
consumo, cultura e comunicação", diz o antropólogo, ao defender que, para entender um
grupo, é necessário analisar
também o corpo das pessoas
que o compõem. "O fetichismo
visual está virando elemento
fundamental de identidade. É
plural e móvel."
As roupas e os acessórios
usados na noite paulistana para
diferenciar os grupos reforçam
a opinião de Massimo. O representante comercial Wagner
Olivieri, 31, o Spider -calça de
couro, coturnos, lentes de contato brancas e fã de metal-, faz
questão de ressaltar que sua
aparência nada tem a ver com
revolta ou crítica à sociedade.
"É simplesmente um estilo."
Confira nos exemplos ao lado
como se vestem e o que ouvem
algumas das turmas que manifestam seus gostos com muita
personalidade.
Atual é usar roupa antiga
Eduardo Laurino, 29, não se considera nem fashionista
nem vanguardista; ele se define como "brecholento". "Compro minhas roupas em brechós e bazares de igrejas e associações", diz o designer de joias, que tem visual inspirado nas
décadas de 40 e 80. Sempre de óculos escuros, Eduardo é daqueles que dá pinta na São Paulo Fashion Week. Para dançar, Eduardo prefere sons antigos, como Abba, Queen, New
Order, Donna Summer e B-52's.
Chapéu de caubói é obrigatório
A cantora Fabiana Carvalho, 26, compõe o visual
com mini xadrez, botas transadas, shorts, coletes e saias
desfiadas. Chapéu de caubói
é obrigatório, até mesmo fora do reduto. Ela vai a festas
que tocam forró, pagode e
música eletrônica.
Itens retrô criam look glamouroso
A fotógrafa Fernanda Pires, 27, presta atenção a cada
detalhe do visual. Foi assim
que surgiu de minissaia
jeans e óculos, que compunham um look retrô, bem ao
gosto da turma indie. "À noite, tento seguir uma linha
mais glamourosa."
Visual tem preto dos pés à cabeça
O técnico de informática
Leandro Inácio Pereira,
26, não dispensa roupa social, gravata, lentes coloridas, pancake, batom e lápis
preto. Ele encontra outros
góticos na Ocean Club e é fã
de Lacrimosa, Rammstein e
Marilyn Manson.
Eles investem nas peças caras
"Gosto de um som eletrônico mais comercial, pop
rock e de músicas que tocam
na rádio e que têm letras",
diz Cristhiane Santos, 29,
frequentadora de uma casa
noturna em que quase todos
desfilam suas camisas e bolsas com logomarcas.
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