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SP, 36,8øC
Escândalos em Brasília e louras com 'tchan' ocupavam noticiário há 42 anos
Verão de 1998 repete calor
e clima da estação de 1956
CYNARA MENEZES
da Reportagem Local
O verão de 1998 é um repeteco de
outro verão quente em São Paulo:
em 1956, o termômetro chegou
aos 36,8øC. O Congresso Nacional
também pegava fogo, e louras com
muito mais "tchan" ocupavam o
noticiário.
Naquele verão quando a sociedade paulistana ia ao Guarujá fugir do "mormaço desagradável
que embota os ares planaltinos",
Marilyn Monroe estreava "O Pecado Mora ao Lado", de Billy Wilder.
Enquanto a loura
norte-americana
se refrescava deixando a saia voar,
a vedete e também
platinada Elvira
Pagã escandalizava
posando sem blusa. Cobrindo os
seios com as mãos,
anunciava o espetáculo "O Pecado
em Sete Véus".
Na Câmara, parlamentares trocavam sopapos discutindo a viagem
do então presidente eleito Juscelino
Kubitschek aos Estados Unidos e à
Europa. Quem pagou? JK garantia
custear com recursos próprios.
A temperatura subia dia após
dia: "Recorde de calor: 35,5 na capital", estampava a Folha da Manhã de 10 de janeiro de 1956. Uma
semana depois, o pico de 36,8øC e o
texto: "A cidade ardia sob o rigor
da canícula".
Parece longínquo o tempo em
que calor forte era chamado de canícula, mas a incrível receita de
um cientista norte-americano para acabar com o calor ainda soa
como a descoberta do século.
"Se você não suporta o calor e
agora está aborrecido porque o verão chegou, esqueça-se disso", dizia a reportagem da mesma Folha.
O professor Morton J. Rodman,
da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, tinha a solução.
Depois de estudar os efeitos do
calor sobre o homem em um aparato por ele criado, concluiu o gênio da época: quando o ar está
úmido de calor e começa a provocar suor, "o melhor que se pode
fazer é ficar parado". Mas, em São
Paulo, que não pára? Ele não soube responder.
Os anúncios de
moda apregoavam
novos tecidos: náilon para vestidos
de baile, alpaca
tropical para ternos, sandálias
masculinas made
in México, calçados para mulheres
em crochê.
Inspirado naquele verão, o artista plástico Flávio de Carvalho,
lançaria meses
mais tarde, para
"libertar o homem do calor e dos seus maléficos
efeitos", o novo traje masculino.
Ele desfilou na Barão de Itapetininga de blusa vermelha de náilon
com um tubo instalado na ponta
que afastava o tecido do corpo e
permitia a ventilação, e saiote já
por si refrigerado. O "New Look
56", como chamou, é também revivido em 98, a pedido da Folha,
pelo artista plástico Guto Lacaz,
em visão ainda mais refrescante.
Sigam-no os bons.
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