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"Situação em SP é a pior do país"
DA REPORTAGEM LOCAL
No segundo dia de visita a unidades da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), o
presidente da Comissão Nacional
de Direitos Humanos da Câmara
dos Deputados, Marcos Rolim
(PT-RS), disse que a "situação de
São Paulo é a pior do país".
A caravana de direitos humanos
esteve nas unidades do Pará, Sergipe e Minas Gerais. Rolim conhece ainda o sistema de infratores do Distrito Federal.
Para ele, os problemas da instituição paulista são sistêmicos.
"Não é caso de mudança de monitores ou de diretores", disse Rolim. "Nesse sistema de presídios é
impossível desenvolver projetos
educativos", afirmou.
A comissão esteve ontem nas
duas unidades de Franco da Rocha. As duas instituições, ao lado
de Parelheiros, são as de segurança máxima no Estado.
Acompanhada por promotores
de Justiça, a comissão visitou as
alas consideradas mais "complicadas", onde estão os reincidentes
graves. Lá o sistema é de tranca
permanente.
Os adolescentes passam 23 horas por dia trancados em celas
com outros oito ou nove internos,
com direito a uma hora de sol.
Não há nenhuma atividade educativa. "Estamos ficando loucos",
disse R.F.,16. Segundo ele, a política do fundão é castigar coletivamente os erros individuais.
Nas duas alas, vários adolescentes queixaram-se de espancamentos. Na ala H, os adolescentes relataram uma surra coletiva que teria ocorrido na segunda-feira
porque eles teriam comido a alimentação uns dos outros.
Os adolescentes mostraram à
comissão a posição do castigo: cabeça encostada na parede, pontas
dos pés no chão e mãos para trás.
Anteontem, no primeiro dia de
visitas dos deputados, menores
infratores denunciaram agressões
ocorridas em distritos policiais da
capital paulista. Os métodos de
violência utilizados incluiriam espancamento, choques elétricos e
asfixia com saco plástico.
De acordo com a ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente),
adolescentes infratores só podem
ficar detidos em DPs por cinco
dias e somente quando não houver instituição especializada para
recebê-los.
Outro lado
O diretor da unidade 30 de
Franco da Rocha, Lucimar da Silva Souza, disse que a tranca impossibilita projetos pedagógicos.
No entanto, segundo ele, essa é
uma consequência dos cadeiões.
Ele afirmou que na unidade há
um sistema de progressão para as
alas da frente, onde há atividades
e menos tranca.
Silva Souza nega a ocorrência de
espancamentos sistemáticos, mas
admite que há confronto entre
adolescentes e monitores.
(GA)
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