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POLÍCIA
Garrafa já estava aberta, na sede do sindicato dos ferroviários, em SP; Instituto Adolfo Lutz vai analisar o líquido
Dirigente sindical morre após beber água
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz classista e presidente do
Sindicato dos Trabalhadores em
Empresas Ferroviárias de São
Paulo, José Mendes Botelho, 58,
morreu anteontem por volta das
23h depois de ter bebido água e
passado mal à tarde.
Botelho, que foi levado ao Hospital Santa Isabel (no centro de
São Paulo), estava em sua sala no
sindicato, às 16h30, quando bebeu
a água. A garrafa com o restante
da líquido, cerca de 300 ml, foi encaminhada pelo 77º DP (Santa
Cecília) ao Instituto Adolfo Lutz.
Segundo o IML (Instituto Médico Legal), a causa da morte, que
vai ser investigada pela polícia, é
indeterminada. O laudo deve ficar
pronto em um mês.
Botelho estava com o diretor do
sindicato, Ademir Natal Rodrigues no momento em que passou
mal. "Ele bebeu um pouco de
água da garrafa, que já estava
aberta, e começou a se sentir sufocado", disse Rodrigues.
O diretor disse que pegou a garrafa, sentiu um cheiro diferente e
percebeu que o líquido não era
água. "Experimentei um pouco e
o gosto era adocicado."
Ele afirmou que a secretária de
Botelho pôs um pouco de água na
mão e sentiu que queimava.
Rodrigues afirma ter levado o
sindicalista para o hospital, por
volta das 17h30, quando o encontrou caído no banheiro com os lábios cerrados. Tanto Rodrigues
como o vice-presidente do sindicato, Eluiz Alves, evitaram levantar suspeitas de um suposto envenenamento. "Ele era um homem
calmo e se tinha inimigos não
eram declarados", disse Alves.
"Quem sabe uma faxineira não
se enganou e colocou uma garrafa
errada na geladeira", afirmou Rodrigues. Segundo ele, Botelho já
havia desmaiado um mês antes.
"Mas não acompanhei o que
aconteceu", disse.
Botelho era presidente do sindicato desde 1982. Ele tomou posse
nesse último mandato há um ano.
Ficaria no cargo mais quatro
anos. De acordo com o vice-presidente, Botelho se elegeu em chapa
única. O sindicato não é filiado a
nenhuma central.
O sindicalista entrou na política
como vereador de Santo André
(Grande São Paulo), em 1976. Botelho também foi deputado federal pelo PTB por três mandatos de
1986 a 1994. Desistiu da política
partidária em 1994, quando concorreu a deputado estadual em
São Paulo e não se elegeu.
De acordo com o TRT (Tribunal
Regional do Trabalho), Botelho
assumiu o cargo de juiz classista
em fevereiro de 1999, indicado pela Federação Nacional dos Ferroviários e ficaria até 2002.
O velório foi realizado ontem no
TRT. O enterro está marcado para
hoje em Belo Horizonte.
O sindicato tem cerca de 7.000
associados. São filiados os empregados da CPTM (Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos) e da empresa Minas Rio São
Paulo Logística.
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