São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2001

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POLÍCIA

Garrafa já estava aberta, na sede do sindicato dos ferroviários, em SP; Instituto Adolfo Lutz vai analisar o líquido

Dirigente sindical morre após beber água

DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz classista e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo, José Mendes Botelho, 58, morreu anteontem por volta das 23h depois de ter bebido água e passado mal à tarde.
Botelho, que foi levado ao Hospital Santa Isabel (no centro de São Paulo), estava em sua sala no sindicato, às 16h30, quando bebeu a água. A garrafa com o restante da líquido, cerca de 300 ml, foi encaminhada pelo 77º DP (Santa Cecília) ao Instituto Adolfo Lutz.
Segundo o IML (Instituto Médico Legal), a causa da morte, que vai ser investigada pela polícia, é indeterminada. O laudo deve ficar pronto em um mês.
Botelho estava com o diretor do sindicato, Ademir Natal Rodrigues no momento em que passou mal. "Ele bebeu um pouco de água da garrafa, que já estava aberta, e começou a se sentir sufocado", disse Rodrigues.
O diretor disse que pegou a garrafa, sentiu um cheiro diferente e percebeu que o líquido não era água. "Experimentei um pouco e o gosto era adocicado."
Ele afirmou que a secretária de Botelho pôs um pouco de água na mão e sentiu que queimava.
Rodrigues afirma ter levado o sindicalista para o hospital, por volta das 17h30, quando o encontrou caído no banheiro com os lábios cerrados. Tanto Rodrigues como o vice-presidente do sindicato, Eluiz Alves, evitaram levantar suspeitas de um suposto envenenamento. "Ele era um homem calmo e se tinha inimigos não eram declarados", disse Alves.
"Quem sabe uma faxineira não se enganou e colocou uma garrafa errada na geladeira", afirmou Rodrigues. Segundo ele, Botelho já havia desmaiado um mês antes. "Mas não acompanhei o que aconteceu", disse.
Botelho era presidente do sindicato desde 1982. Ele tomou posse nesse último mandato há um ano. Ficaria no cargo mais quatro anos. De acordo com o vice-presidente, Botelho se elegeu em chapa única. O sindicato não é filiado a nenhuma central.
O sindicalista entrou na política como vereador de Santo André (Grande São Paulo), em 1976. Botelho também foi deputado federal pelo PTB por três mandatos de 1986 a 1994. Desistiu da política partidária em 1994, quando concorreu a deputado estadual em São Paulo e não se elegeu.
De acordo com o TRT (Tribunal Regional do Trabalho), Botelho assumiu o cargo de juiz classista em fevereiro de 1999, indicado pela Federação Nacional dos Ferroviários e ficaria até 2002.
O velório foi realizado ontem no TRT. O enterro está marcado para hoje em Belo Horizonte.
O sindicato tem cerca de 7.000 associados. São filiados os empregados da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da empresa Minas Rio São Paulo Logística.


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