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USP, Unesp e Unicamp fazem balanço positivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando o assunto é autonomia
universitária em gestão financeira, a voz da experiência vem do
Estado de São Paulo e pode servir
de exemplo para o projeto de reforma que o governo federal pretende implementar para as instituições federais até novembro
deste ano.
Em 1989, as universidades estaduais paulistas passaram a receber como repasse fixo 9,57% da
arrecadação do ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços) recolhido pelo governo do Estado.
Após 15 anos, os reitores da USP
(Universidade de São Paulo), da
Unesp (Universidade Estadual
Paulista) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) são
unânimes na hora de apresentar
um balanço da experiência: para
eles, a autonomia foi altamente
positiva para essas instituições.
"Ao fazer uma avaliação do desempenho da universidade antes
e depois dos 15 anos de autonomia, vemos que houve uma melhora de todos os índices, seja os
acadêmicos e de produção científica, seja o número de alunos e de
programas de inserção", explica
José Carlos Soares Trindade, reitor da Unesp.
"A chave para o crescimento do
número de cursos foi a autonomia, que permitiu à Unicamp estabelecer um sistema de avaliação
interno e planejar suas atividades
dentro do orçamento disponível.
Um ponto é a autonomia de gestão, o outro é a garantia de recursos", avalia Carlos Henrique de
Brito Cruz, reitor da Unicamp.
A possibilidade de planejamento é apontada como um dos aspecto mais favoráveis no regime
de autonomia.
"Nós já sabemos com quanto
dinheiro poderemos contar, o
que nos dá segurança para planejamentos a longo prazo. E aquilo
que não é gasto durante o ano não
volta para o governo, mas fica
acumulado para o orçamento do
ano seguinte", aponta Adolpho
José Melfi, reitor da USP.
Mesmo com a garantia da existência de recursos, os três reitores
concordam que é preciso estimular a captação de verbas. "Temos
uma limitação de ICMS, que pode
variar de acordo com o crescimento da economia do país, e,
com a folha de pagamento, sobra
pouco para investimentos", afirma Trindade.
O sistema de autonomia instituído em São Paulo também apresenta algumas vulnerabilidades
que, segundo os três reitores, podem ser corrigidas para as universidades federais na reforma.
A questão dos aposentados é a
mais contundente delas. "Quando a autonomia foi implantada, a
Unesp gastava 7% de seu orçamento com seus aposentados.
Hoje, esse gasto está em 30%",
conta Trindade. "Houve um planejamento deficiente da questão
previdenciária", afirma Cruz.
Para o reitor da Unicamp, outra
falha no sistema paulista que poderia ser corrigida na autonomia
aplicada às federais é o estabelecimento explícito de um sistema de
avaliação de desempenho e de
metas.
(FM)
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