São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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Líder do setor é acusado de fraudes

DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo liderado pelo empresário José Ruas Vaz, de origem portuguesa, atua no transporte de São Paulo há mais de quatro décadas e ainda ampliou seu espaço na licitação realizada em 2003 pelo governo Marta Suplicy (PT).
Com seus sócios, como Carlos de Abreu, Ruas detinha um terço da frota paulistana, mas passou a controlar mais da metade.
O grupo do empresário, citado por sucessivas administrações como um dos líderes dos locautes, já foi acusado também por procuradores do INSS e por ações da PAJ (Procuradoria de Assistência Judiciária) de usar estratégias fraudulentas para se livrar de dívidas, por conta da transferência de uma viação endividada a "laranjas".
Ele está entre os que entregaram cartas de fiança falsas à prefeitura nos atuais contratos de concessão -mas nega ter agido por má-fé.
Um relatório do INSS do final de 2002 apontava 22 empresas no Estado ligadas a Ruas. As dívidas previdenciárias só de nove delas ultrapassavam R$ 500 milhões.
Ruas evita falar com a imprensa -e não atendeu aos pedidos de entrevista desde anteontem. Nos últimos anos, seu filho, Paulo Ruas, passou a comandar suas viações e virou presidente do SP Urbanuss (sindicato patronal).
O domínio do grupo Ruas também cresceu nesta década após ele assumir a fábrica de carrocerias Caio/Induscar, que se tornou a principal fornecedora dos ônibus zero-quilômetro da capital.
Ele foi conhecido ainda por ter transferido uma de suas principais viações nos anos 90, a Penha São Miguel, para Montevidéu, no Uruguai, um paraíso fiscal que permite garantir sob sigilo os reais donos da empresa e que dificulta a cobrança de pendências.
As viações ligadas ao grupo Ruas foram as que deixaram de pagar os motoristas e cobradores nesta semana, junto com as de Belamino Marta, outro empresário de origem portuguesa que está em São Paulo há décadas e controla boa parte dos veículos da zona norte, no consórcio Sambaíba.
Ontem, a circulação dos coletivos não foi afetada em viações tidas por independentes. Paratodos e Tupi, por exemplo, pagaram os salários, diferentemente da Cidade Dutra, ligada a Ruas e que faz parte do mesmo consórcio.


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