São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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TRANSPORTE

Mesmo após final da paralisação, usuários tiveram de enfrentar ônibus lotados e atrasos; comércio reclama prejuízos

Passageiro espera duas horas no ponto

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma espera por ônibus seis vezes maior do que a usual foi o que a paralisação durante a madrugada de ontem causou ao programador Wagner Luiz da Costa.
Acostumado a aguardar no terminal João Dias (zona sul) por até 20 minutos, Costa levou mais de duas horas para conseguir pegar um ônibus até o terminal Parque Dom Pedro, onde chegou depois das 10h. O resultado da demora foi o atraso fora do normal para chegar ao trabalho, no bairro Anália Franco (zona leste), onde deveria estar às 9h.
O caso do programador, no entanto, não faz parte dos números da SPTrans (empresa municipal responsável pelos transportes), já que o órgão não contabiliza o total de pessoas que foram atingidas pelo atrasos que ocorreram mesmo após o fim da paralisação. Segundo a entidade, 727 mil passageiros deixaram de pegar ônibus até as 6h.
A auxiliar de limpeza Giovana da Silva, 32, também sofreu com os problemas nos transportes mesmo após o movimento ter sido encerrado. Ela disse ter esperado 40 minutos por um ônibus no terminal São Mateus que a levaria ao centro. O intervalo normal, diz, é de dez minutos.
Jaqueline Rezende, 22, foi outra prejudicada. Ela chegou ao trabalho, em uma loja na rua 25 de Março, apenas às 9h30 -seu horário de entrada é às 7h30. "Só consegui pegar o terceiro ônibus que passou no ponto depois que eles voltaram a funcionar. Todos vinham cheios, com gente presa na porta", conta.

Menos consumidores
Proprietário de duas lojas na região da 25 de Março, Ivo Peixoto, 55, reclamou que, além do atraso dos funcionários, a falta de ônibus afetou o movimento de consumidores. "Quem viria para comprar nem saiu de casa. O movimento caiu cerca de 40%."
Agda Salles, supervisora de outra loja na região, aponta que até os ambulantes tiveram dificuldades para chegar. "A rua ficou vazia. Isso aqui estava o paraíso", brinca, já que não teve as vendas prejudicadas, pois seus clientes fazem compras por telefone.
Na região comercial da rua Teodoro Sampaio (em Pinheiros, zona oeste), o movimento de compradores também diminuiu. "Dá pra ver pela quantidade de pedestres. A rua está mais calma do que o normal", disse Pedro Cerqueira da Silva, 23, assistente de vendas de uma loja de roupas.
Com o pé enfaixado, sem poder andar direito, a digitadora desempregada Valdelice Nascimento, 45, teve que caminhar do terminal Parque Dom Pedro -onde chegou às 5h10 e não havia ônibus- até o bairro da Liberdade para garantir lugar na fila do Centro de Solidariedade ao Trabalhador. "Fiquei mais de uma hora andando", afirmou. (LUÍSA BRITO E SIMONE HARNIK)

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