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BANDEIRA FEMININA
Manifestação, que terá início às 15h, defenderá legalização do aborto e aumento do salário mínimo
Mulheres protestam hoje na Paulista
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM RECIFE
DO "AGORA"
Uma grande manifestação marcará hoje em São Paulo o Dia Internacional da Mulher. A Marcha
Mundial de Mulheres partirá do
Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, por volta
da 15 horas.
A idéia é chamar a atenção para
os direitos das mulheres. Entre os
temas estarão a legalização do
aborto, o aumento do salário mínimo, a reforma agrária, a moradia e a violência.
Se repetir o número de participantes do ano passado, a manifestação deve causar problemas no
trânsito. Segundo a Polícia Militar, o ato reuniu 15 mil pessoas em
2005 e atrapalhou o tráfego por
onde passou.
No Recife, já houve protesto ontem e um novo está previsto para
hoje. O Fórum de Mulheres de
Pernambuco -que reúne diversas entidades de defesa dos direitos da mulher- pretende reunir
6.000 mulheres em frente ao Palácio do Campo das Princesas, a sede do governo estadual.
A manifestação será reforçada
por agricultoras de vários municípios. Elas protestam contra o desemprego, a falta de estrutura do
sistema de saúde no interior e os
casos de violência que nem sequer
são contabilizados nas estatísticas
oficiais.
"A total falta de dados sobre a
questão da violência sofrida pelas
mulheres do campo é um indicativo do descaso das autoridades.
Não é possível que, até o momento, mais de 60 mulheres da área
urbana de Pernambuco tenham
sido assassinadas e, na área rural,
nenhum dado seja de conhecimento nos registros legais de
ocorrência", disse a secretária de
Coordenação de Mulheres Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco, Maria
Aparecida de Melo.
Ontem, cerca de 500 mulheres
se reuniram, à tarde, no centro de
Recife, para dar início às manifestações pelo Dia Internacional da
Mulher. Vestidas de preto elas
protestavam contra o aumento
no número de mulheres assassinadas entre janeiro e fevereiro.
Foram mortas 66 mulheres apenas na região metropolitana, segundo dados da Secretaria Estadual da Defesa Social. No mesmo
período, em 2005, 42 mulheres foram mortas. Entre os anos de
2002 e 2005, o número de homicídios de mulheres chegou a 1.193,
colocando o Pernambuco no topo
do ranking nacional.
A marcha das mulheres seguiu
em silêncio pelas ruas de Recife
até a praça da Justiça, onde foi dado início a uma vigília.
Em frente ao Tribunal de Justiça, os organizadores gritaram o
nome das 66 mulheres assassinadas. A cada nome anunciado, os
participantes diziam: "Presente".
ONG despejada
Em São Paulo, a ONG feminista
CIM (Centro Informação Mulher), fundada oficialmente há 25
anos, não tem muito a comemorar hoje. Ela foi notificada pela
prefeitura para que deixe o imóvel
municipal que ocupa desde 1991,
na praça Roosevelt.
No local, o CIM abriga cerca de
10 mil livros, 500 periódicos e
1.500 exemplares de jornais. "É o
maior acervo sobre a mulher da
América Latina", diz a presidente
do CIM, Marta Baião. Segundo
ela, a ONG não tem para onde ir.
"Fazemos prevenção de DSTs
[Doenças Sexualmente Transmissíveis], damos orientação a mulheres vítimas de violência e atendemos a transexuais. Além disso,
muitos pesquisam no acervo."
O contrato com a prefeitura,
uma permissão de uso a título
precário e gratuito, prevê revogação a qualquer momento. Mas a
notícia surpreendeu a ONG.
A Subprefeitura da Sé confirma
que a entidade terá de deixar a
praça quando as obras de revitalização começarem -entre final
de março e início de abril. A licitação para as obras está em fase final. De acordo com a subprefeitura, a Guarda Civil Metropolitana e
a Polícia Militar, que têm postos
na Roosevelt, também precisarão
sair da área. A Sé quer que o espaço volte a ter cara de praça e tenha
uma menor ocupação.
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