São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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BANDEIRA FEMININA

Manifestação, que terá início às 15h, defenderá legalização do aborto e aumento do salário mínimo

Mulheres protestam hoje na Paulista

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM RECIFE
DO "AGORA"


Uma grande manifestação marcará hoje em São Paulo o Dia Internacional da Mulher. A Marcha Mundial de Mulheres partirá do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, por volta da 15 horas.
A idéia é chamar a atenção para os direitos das mulheres. Entre os temas estarão a legalização do aborto, o aumento do salário mínimo, a reforma agrária, a moradia e a violência.
Se repetir o número de participantes do ano passado, a manifestação deve causar problemas no trânsito. Segundo a Polícia Militar, o ato reuniu 15 mil pessoas em 2005 e atrapalhou o tráfego por onde passou.
No Recife, já houve protesto ontem e um novo está previsto para hoje. O Fórum de Mulheres de Pernambuco -que reúne diversas entidades de defesa dos direitos da mulher- pretende reunir 6.000 mulheres em frente ao Palácio do Campo das Princesas, a sede do governo estadual.
A manifestação será reforçada por agricultoras de vários municípios. Elas protestam contra o desemprego, a falta de estrutura do sistema de saúde no interior e os casos de violência que nem sequer são contabilizados nas estatísticas oficiais.
"A total falta de dados sobre a questão da violência sofrida pelas mulheres do campo é um indicativo do descaso das autoridades. Não é possível que, até o momento, mais de 60 mulheres da área urbana de Pernambuco tenham sido assassinadas e, na área rural, nenhum dado seja de conhecimento nos registros legais de ocorrência", disse a secretária de Coordenação de Mulheres Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco, Maria Aparecida de Melo.
Ontem, cerca de 500 mulheres se reuniram, à tarde, no centro de Recife, para dar início às manifestações pelo Dia Internacional da Mulher. Vestidas de preto elas protestavam contra o aumento no número de mulheres assassinadas entre janeiro e fevereiro.
Foram mortas 66 mulheres apenas na região metropolitana, segundo dados da Secretaria Estadual da Defesa Social. No mesmo período, em 2005, 42 mulheres foram mortas. Entre os anos de 2002 e 2005, o número de homicídios de mulheres chegou a 1.193, colocando o Pernambuco no topo do ranking nacional.
A marcha das mulheres seguiu em silêncio pelas ruas de Recife até a praça da Justiça, onde foi dado início a uma vigília.
Em frente ao Tribunal de Justiça, os organizadores gritaram o nome das 66 mulheres assassinadas. A cada nome anunciado, os participantes diziam: "Presente".

ONG despejada
Em São Paulo, a ONG feminista CIM (Centro Informação Mulher), fundada oficialmente há 25 anos, não tem muito a comemorar hoje. Ela foi notificada pela prefeitura para que deixe o imóvel municipal que ocupa desde 1991, na praça Roosevelt.
No local, o CIM abriga cerca de 10 mil livros, 500 periódicos e 1.500 exemplares de jornais. "É o maior acervo sobre a mulher da América Latina", diz a presidente do CIM, Marta Baião. Segundo ela, a ONG não tem para onde ir. "Fazemos prevenção de DSTs [Doenças Sexualmente Transmissíveis], damos orientação a mulheres vítimas de violência e atendemos a transexuais. Além disso, muitos pesquisam no acervo."
O contrato com a prefeitura, uma permissão de uso a título precário e gratuito, prevê revogação a qualquer momento. Mas a notícia surpreendeu a ONG.
A Subprefeitura da Sé confirma que a entidade terá de deixar a praça quando as obras de revitalização começarem -entre final de março e início de abril. A licitação para as obras está em fase final. De acordo com a subprefeitura, a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar, que têm postos na Roosevelt, também precisarão sair da área. A Sé quer que o espaço volte a ter cara de praça e tenha uma menor ocupação.


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