São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006
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VIVENDO COM O INIMIGO Aposentada sofre agressões do marido desde o primeiro ano de união e não conseguiu se separar Rotina de violência de Maria dura 46 anos
CLÁUDIA COLLUCCI ![]() "Casei com meu primeiro namorado. Antes de a gente se casar, ele não parecia uma pessoa violenta, mas, depois, revelou-se outra pessoa, um sádico. Com o tempo as coisas só pioraram. No ano de 1980, descobri que ele tinha uma amante. Fui cobrar explicações e ele me espancou muito. Ele me jogou no chão e começou a me socar na cabeça, no rosto. Cheguei a desmaiar. Pensei em denunciá-lo à polícia, mas uma vizinha me convenceu a desistir e a dar uma chance a ele. Não adiantou nada. Volta e meia ele voltava a me bater. Uma vez, me malhou com o fio do telefone. Meu supercílio abriu e levei três pontos. Outra vez, veio por cima de mim, comecei a correr pela casa, deslocando meu joelho esquerdo. Tinha tanto medo e vergonha que, no hospital, sempre inventava alguma história. Em 90, ele me deu um soco no nariz, que sangrou muito. Enchi-me de coragem e registrei um BO. Mas, sem ter como me sustentar, desisti de levar o processo adiante. Em 99, outra surra quase desfigurou meu rosto. Depois disso, ele não me espancou mais, mas me ameaça todo dia. Dizia que iria me enforcar enquanto eu estivesse dormindo. Passei então a trancar a porta do quarto. Agora, fica desejando a minha morte. Todas as vezes que saio de casa, ele diz: "Tomara que uma carreta passe por cima de você". Há um ano, procurei a casa Lilith. Comecei a fazer terapia e a tomar antidepressivo. Sinto-me fortalecida e com coragem de batalhar por uma separação. Não quero completar "bodas de ouro de violência". Quero poder ter um pouco de tranqüilidade neste resto de vida." Texto Anterior: Bandeira feminina: Mulheres protestam hoje na Paulista Próximo Texto: Cidadania: Salvador terá rádio para prostitutas Índice |
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