São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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CIDADANIA

"Zona FM" será administrada por associação de garotas de programa

Salvador terá rádio para prostitutas

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Depois da Daspu -grife de roupas lançada por prostitutas cariocas-, as profissionais do sexo ganharam um veículo de comunicação para expor suas idéias. A Aprosba (Associação das Prostitutas da Bahia) anunciou ontem à noite que vai explorar uma rádio FM, cuja concessão foi obtida por um convênio com o Ministério da Cultura.
A emissora, que deve entrar em operação até o fim de abril, será a primeira rádio dirigida por uma associação de prostitutas no Brasil, diz a coordenadora-geral da entidade, Fátima Medeiros, 38. "Exercemos a nossa profissão com dignidade, mas não somos respeitadas. Temos pouco espaço na mídia, exceto quando há crimes envolvendo prostitutas. Usaremos a rádio para veicular programas para a nossa categoria."
Segundo Medeiros, a emissora funcionará no Pelourinho (centro histórico), em um casarão que serve de sede para a associação.
Medeiros disse que vai pedir que as próprias prostitutas definam o nome da emissora. "Não sei se a proposta será aceita pelo Ministério das Comunicações, mas o nome de fantasia da emissora será "Zona FM"."
A idéia de administrar uma emissora de rádio surgiu no fim de 2005. "Hoje, no Brasil, existem rádios em nome de políticos, empresários e médicos, por exemplo. Por que as prostitutas não podem ter um canal à sua disposição?"
Sem nenhuma experiência no ramo, a Aprosba pretende "contratar" professores universitários e voluntários como locutores e técnicos. "Também vamos treinar algumas prostitutas que levam mais jeito para falar em público."
Segundo Medeiros, em seus oito anos, a Aprosba sempre participou de programas vinculados à saúde. Com 3.000 associadas em Salvador, embora estime que o número de prostitutas na cidade seja 5.000, a entidade também não descarta a possibilidade de recorrer à iniciativa privada.
"Queremos mostrar que as prostitutas também são pessoas dignas, que exercem uma profissão como qualquer outra."


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