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Ocupação aleatória reflete falta de pistas
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Em cinco dias de ação em favelas, o Exército espalhou aleatoriamente seus efetivos por comunidades dominadas por todas as
facções criminosas que disputam
o controle do tráfico, o que reforça a idéia de que a corporação ainda não possui um suspeito concreto e não tem noção de onde
possam estar as armas.
Para completar a confusão, o
próprio Exército já admite que os
fuzis podem não estar nas favelas.
Logo após o roubo, o Exército
ocupou com 300 homens o complexo de favelas do Alemão (zona
norte), controlado pelo Comando
Vermelho, porque tinha a informação de que um ex-cabo que
trabalhava no quartel onde foi
roubado as armas morava lá.
No sábado e domingo, iniciou
operações em favelas em que a
venda de droga é dominada por
grupos rivais ao do CV, como a
Vila dos Pinheiros, no complexo
da Maré, e Parque Alegria, no Caju (zona portuária), ambas controladas pela ADA (Amigo dos
Amigos), e o morro do Dendê, na
Ilha do Governador, onde atua o
TCP (Terceiro Comando Puro).
Ao mesmo tempo, continuou as
buscas em favelas do CV, como
Manguinhos e Jacarezinho e o
morro da Providência (Santo
Cristo). Anteontem e ontem, passou a ocupar o morro da Mangueira, também do CV.
Outro fato que reforça a falta de
critério é que só na segunda-feira
a corporação ocupou a Mangueira, que é, das favelas já ocupadas,
a mais próxima do quartel onde
os fuzis foram roubados.
O professor Ronaldo Leão, do
Iden (Instituto de Defesa Nacional), vê chances de que o roubo
tenha sido planejado pelo CV,
que, há cerca de um mês, perdeu
várias armas ao atacar a Rocinha.
Antes do roubo de sexta-feira,
os dois maiores ataques recentes a
quartéis no Rio ocorreram por
facções criminosas diferentes.
O roubo de 22 fuzis do Depósito
da Aeronáutica em abril de 2004
foi feito pelo TCP. O CV invadiu a
Estação Central de Rádio da Marinha, no início do mesmo ano, e
levou seis fuzis. Em ambos os casos, houve a participação de militares, segundo as investigações.
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