São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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Ocupação aleatória reflete falta de pistas

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Em cinco dias de ação em favelas, o Exército espalhou aleatoriamente seus efetivos por comunidades dominadas por todas as facções criminosas que disputam o controle do tráfico, o que reforça a idéia de que a corporação ainda não possui um suspeito concreto e não tem noção de onde possam estar as armas.
Para completar a confusão, o próprio Exército já admite que os fuzis podem não estar nas favelas.
Logo após o roubo, o Exército ocupou com 300 homens o complexo de favelas do Alemão (zona norte), controlado pelo Comando Vermelho, porque tinha a informação de que um ex-cabo que trabalhava no quartel onde foi roubado as armas morava lá.
No sábado e domingo, iniciou operações em favelas em que a venda de droga é dominada por grupos rivais ao do CV, como a Vila dos Pinheiros, no complexo da Maré, e Parque Alegria, no Caju (zona portuária), ambas controladas pela ADA (Amigo dos Amigos), e o morro do Dendê, na Ilha do Governador, onde atua o TCP (Terceiro Comando Puro).
Ao mesmo tempo, continuou as buscas em favelas do CV, como Manguinhos e Jacarezinho e o morro da Providência (Santo Cristo). Anteontem e ontem, passou a ocupar o morro da Mangueira, também do CV.
Outro fato que reforça a falta de critério é que só na segunda-feira a corporação ocupou a Mangueira, que é, das favelas já ocupadas, a mais próxima do quartel onde os fuzis foram roubados.
O professor Ronaldo Leão, do Iden (Instituto de Defesa Nacional), vê chances de que o roubo tenha sido planejado pelo CV, que, há cerca de um mês, perdeu várias armas ao atacar a Rocinha.
Antes do roubo de sexta-feira, os dois maiores ataques recentes a quartéis no Rio ocorreram por facções criminosas diferentes.
O roubo de 22 fuzis do Depósito da Aeronáutica em abril de 2004 foi feito pelo TCP. O CV invadiu a Estação Central de Rádio da Marinha, no início do mesmo ano, e levou seis fuzis. Em ambos os casos, houve a participação de militares, segundo as investigações.


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