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Associação de moradores diz temer tragédia
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Associação dos Moradores do Complexo da Mangueira, José
Roque Ferreira, usou a palavra "assustador" para definir o que sentiu quando, de
manhã cedo, avistou um
tanque de guerra com a mira
voltada para a favela.
"Sou cria daqui, tenho 57
anos e nunca vi uma coisa
dessas na Mangueira. Se praticarem violência como em
operações passadas, a associação vai tomar todas as atitudes legais cabíveis", afirmou Ferreira.
De acordo com ele, a população das comunidades
que formam o complexo da
Mangueira (Telégrafo, Candelária, Olaria, Buraco
Quente, Chalé e Eucalipto)
teme uma tragédia. "O pessoal está com muito medo.
Esses soldados não são preparados para entrar em
morro", disse.
O Censo do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) indica que, em 2000, havia 13.594
moradores na Mangueira.
Segundo o presidente da
associação, não houve troca
de tiros entre traficantes e
militares na madrugada.
"Eles atiraram neles mesmos. Um caminhão com
parte da tropa caiu numa vala. Os soldados, assustados,
acabaram atirando. Eles estão meio atrapalhados."
A versão de Ferreira foi
contestada pelo porta-voz
do CML, coronel Fernando
Lemos. "Não houve isso",
disse ele.
Iniciada no final da tarde
anteontem, a ação do Exército revoltou os moradores.
Eles disseram que, até as 19h,
foram impedidos de entrar
ou sair da Mangueira de carro. Como as Kombis comunitárias tiveram a circulação
impedida, eles foram obrigados a subir o morro por
vielas íngremes e escuras.
"Fiquei apavorada. Sou
trabalhadora, cheguei do
plantão supercansada e tive
que subir a pé. É uma vergonha fazerem isso com os pobres", disse Maria Auxiliadora da Silva, 41, auxiliar de
enfermagem.
Durante o dia, os militares
distribuíram panfletos aos
moradores pedindo que denunciassem "os bandidos e
os locais de esconderijo das
armas".
(ST)
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