São Paulo, domingo, 08 de março de 2009

Próximo Texto | Índice

Moradores "blindam" prédios após serem alvo de arrastão

Vítimas de roubo em apartamentos optam por empresas de segurança privada

Só neste ano foram cinco arrastões na cidade; no último deles, na segunda, em Perdizes, oito apartamentos foram invadidos por ladrões


MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ter tido mulher e filha mantidas reféns no próprio prédio onde vive, um publicitário morador de um edifício em Perdizes (zona oeste), roubado na última segunda-feira, faz as contas para ver se seu bolso comporta o custo da sua tranquilidade: a contratação de uma empresa de segurança.
Na terça-feira, os moradores do prédio -onde um bando armado manteve 30 pessoas reféns por cerca de duas horas na última segunda-feira- decidem se seguirão o mesmo caminho de outros condomínios que sofreram arrastões neste ano, o de "blindar" o local onde vivem. Foram cinco casos neste ano em São Paulo.
"Minha mulher tinha sumido, não sabia que ela estava dentro do prédio. Liguei na escola [da minha filha] e ela não tinha chegado, fiquei em pânico. Fiquei pensando o pior", conta o publicitário.
"Já sabia que ia acontecer. Aqui é muito vulnerável, era questão de tempo", afirma outro morador, jornalista. "Foi coisa de "Mad Max", Charles Bronson. Tinha submetralhadora e prancheta para controlar o que era levado", diz. Ao menos 8 dos 34 apartamentos foram roubados.
Apesar do medo, moradores temem como será a rotina daqui em diante. De um lado, receiam o isolamento imposto pelos novos padrões de segurança. De outro, se dizem dispostos a arcar com os custos e as restrições que a decisão envolve para combater a sensação de vulnerabilidade.
"Vou tentar pagar", diz o publicitário, acrescentando que gostaria de se mudar, mas não tem condições. Ele calcula que a nova segurança deva aumentar em R$ 500 o condomínio, que hoje custa R$ 900.
Para o delegado Edison Santi, do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), quem pode investir em sistema de segurança deve fazê-lo. "A polícia não é onipresente, onipotente e muito menos onisciente", diz.
Segundo José Adir Loiola, presidente do Sesvesp (sindicato estadual das empresas de segurança privada), um sistema novo custa cerca de R$ 10 mil mensais, dividido pelos condôminos. Ele afirma ser comum que empresas do setor abordem os moradores logo após a ocorrência de roubo -são cerca de 350 delas no Estado- e que é preciso se certificar de que a companhia é confiável antes de contratá-la.
Além de Perdizes, a Folha visitou outros dois condomínios roubados neste ano -um nos Jardins (zona oeste) e outro em Pedra Branca (zona norte). Ambos já contrataram segurança privada e, diferentemente do que ocorreu em Perdizes, não receberam a reportagem. "É a transição entre um prédio integrado à comunidade e outro com segurança terceirizada", diz o psicólogo Sérgio Kodato, do Observatório de Violência da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto.


Próximo Texto: Funcionário é peça-chave para segurança
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.