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Moradores "blindam" prédios após serem alvo de arrastão
Vítimas de roubo em apartamentos optam por empresas de segurança privada
Só neste ano foram cinco arrastões na cidade; no último deles, na segunda, em Perdizes, oito apartamentos foram invadidos por ladrões
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de ter tido mulher e
filha mantidas reféns no próprio prédio onde vive, um publicitário morador de um edifício em Perdizes (zona oeste),
roubado na última segunda-feira, faz as contas para ver se seu
bolso comporta o custo da sua
tranquilidade: a contratação de
uma empresa de segurança.
Na terça-feira, os moradores
do prédio -onde um bando armado manteve 30 pessoas reféns por cerca de duas horas na
última segunda-feira- decidem se seguirão o mesmo caminho de outros condomínios
que sofreram arrastões neste
ano, o de "blindar" o local onde
vivem. Foram cinco casos neste
ano em São Paulo.
"Minha mulher tinha sumido, não sabia que ela estava
dentro do prédio. Liguei na escola [da minha filha] e ela não
tinha chegado, fiquei em pânico. Fiquei pensando o pior",
conta o publicitário.
"Já sabia que ia acontecer.
Aqui é muito vulnerável, era
questão de tempo", afirma outro morador, jornalista. "Foi
coisa de "Mad Max", Charles
Bronson. Tinha submetralhadora e prancheta para controlar o que era levado", diz. Ao
menos 8 dos 34 apartamentos
foram roubados.
Apesar do medo, moradores
temem como será a rotina daqui em diante. De um lado, receiam o isolamento imposto
pelos novos padrões de segurança. De outro, se dizem dispostos a arcar com os custos e
as restrições que a decisão envolve para combater a sensação
de vulnerabilidade.
"Vou tentar pagar", diz o publicitário, acrescentando que
gostaria de se mudar, mas não
tem condições. Ele calcula que
a nova segurança deva aumentar em R$ 500 o condomínio,
que hoje custa R$ 900.
Para o delegado Edison Santi, do Deic (Departamento de
Investigações sobre Crime Organizado), quem pode investir
em sistema de segurança deve
fazê-lo. "A polícia não é onipresente, onipotente e muito menos onisciente", diz.
Segundo José Adir Loiola,
presidente do Sesvesp (sindicato estadual das empresas de segurança privada), um sistema
novo custa cerca de R$ 10 mil
mensais, dividido pelos condôminos. Ele afirma ser comum
que empresas do setor abordem os moradores logo após a
ocorrência de roubo -são cerca de 350 delas no Estado- e
que é preciso se certificar de
que a companhia é confiável
antes de contratá-la.
Além de Perdizes, a Folha visitou outros dois condomínios
roubados neste ano -um nos
Jardins (zona oeste) e outro
em Pedra Branca (zona norte).
Ambos já contrataram segurança privada e, diferentemente do que ocorreu em Perdizes,
não receberam a reportagem.
"É a transição entre um prédio
integrado à comunidade e outro com segurança terceirizada", diz o psicólogo Sérgio Kodato, do Observatório de Violência da USP (Universidade de
São Paulo) de Ribeirão Preto.
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