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Funcionário é peça-chave para segurança
Segundo delegado, condomínios repassam responsabilidade pela proteção para o porteiro, mas não valorizam profissional
Empresa de segurança privada paga salários de R$ 1.500 a R$ 2.000 para funcionários, que têm antecedentes verificados
Diego Padgurschi/Folha Imagem
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Condomínio fechado na zona norte reforçou a seguranca após assalto ocorrido em janeiro
DA REPORTAGEM LOCAL
Funcionários são a peça-chave tanto para evitar quanto para facilitar o roubo de condomínios, afirmam empresários de
segurança, especialistas em
violência e a própria polícia.
"Em 90% dos condomínios,
quem cuida do acesso é o porteiro, eventualmente o zelador
ou até o faxineiro", afirma o delegado Edison Santi, do Deic.
De acordo com Santi, o porteiro, que era uma espécie de relações-públicas do condomínio,
foi se tornando um encarregado da segurança -e sendo cobrado por isso.
Segundo o delegado, além de
cobrar, é preciso prestigiar esses profissionais. "Quando ele
barra [alguém] acaba sendo punido porque era parente de morador e demorou dez minutos
para deixar entrar", diz.
"Como pagar um salário mínimo ou dois e exigir que o funcionário não converse, não tome café e fique em pé o dia todo? Quem zela por nós ganha
muito mal; às vezes não ganha
nem bom dia", diz o jornalista
morador do edifício assaltado
em Perdizes na segunda-feira.
"Muitos só vão ao médico
quando começam a sentir algum tipo de dor", diz José Antônio Caetano, diretor comercial da Haganá, sobre a procura
por segurança privada. A empresa fez uma proposta para
cuidar do prédio em Perdizes e
oferece guaritas blindadas e seguranças na calçada, cuja tarefa
é abordar todos os moradores,
visitantes e funcionários que
quiserem entrar.
Na última quarta, enquanto o
calor em São Paulo ultrapassava os 30C, dois seguranças
vestindo ternos ficavam em pé
sob o sol controlando a entrada
de um condomínio na zona
norte, um dos que sofreram arrastão neste ano. Segundo o diretor da empresa para a qual
trabalham, o salário deles varia
de R$ 1.500 a R$ 2.000 para
uma jornada de 11 a 12 horas,
com uma hora de intervalo. Antes de serem contratados, é feita uma investigação de sua vida; depois, passam por treinamento de cinco dias para conhecer os procedimentos.
"Quando entram na sua casa
reviram o mundo material, mas
com isso reviram o mundo interno. Quando chega a proposta da companhia de segurança,
você se agarra nela com unhas e
dentes, é a tábua de salvação.
Mas o mundo interno você não
consegue organizar sozinho,
precisa do coletivo. O que se recomenda é resgatar a vida social", diz o psicólogo Sérgio Kodato, do Observatório de Violência da USP (Universidade de
São Paulo) de Ribeirão Preto.
Melina Risso, diretora de desenvolvimento do Instituto
Sou da Paz, conta que no prédio
onde mora, vizinho do edifício
assaltado em Perdizes, o debate
sobre medidas de segurança já
começou. "[Esses casos] começam a gerar paranoia e um círculo vicioso muito ruim. Quanto mais medo, mais você se
tranca, menos você convive
com os diferentes."
Para ela, é preciso pensar numa ação que articule o bairro, o
quarteirão e a rua, que trabalhe
em conjunto com a polícia e
que faça com que os moradores
também se responsabilizem
pelo processo de segurança.
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