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Renda média ainda é menor que a do homem
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar dos avanços da mulher no mercado de trabalho,
uma comparação feita pela Folha nas principais ocupações
mostra que ainda há muito a
avançar para se chegar perto de
uma situação de igualdade.
Das 62 profissões onde foi
possível comparar o rendimento de homens e mulheres na
mesma ocupação, pela Pesquisa Nacional por Amostra dos
Domicílios, do IBGE, em apenas um caso -professores do
ensino fundamental com formação de nível médio- a renda
do trabalho delas era superior.
Ainda assim, a diferença encontrada -de 2% a mais para
elas- fica dentro da margem de
erro da pesquisa.
Como a Pnad é uma pesquisa
amostral, não é possível comparar o rendimento em todas as
ocupações. Para garantir que as
margens de erro não fossem superiores a 10%, a Folha comparou apenas profissões com
mais de 100 mil trabalhadores
na pesquisa.
A diferença, na média, a favor dos homens aparece tanto
no caso de ocupações de baixa
qualificação -como trabalhadores rurais- quanto naquelas
em que somente pessoas com
nível superior podem exercer
-caso de advogados, médicos
ou professores universitários.
Essa desigualdade ocorre até
em ocupações onde as mulheres são majoritárias, como trabalhadores de serviços domésticos (94% de mulheres trabalhando) ou costureiros (89%).
Para a economista da Universidade Federal Fluminense
Hildete Pereira de Melo, não
há dúvida de que boa parte da
diferença de rendimentos na
mesma função é fruto da discriminação. "Em praticamente
todas as profissões, mesmo a
mulher tendo igual qualificação, os cargos de chefia e gestão
continuam sendo ocupados
majoritariamente por homens.
Isso é ainda mais comum nas
carreiras de alta qualificação."
A Pnad mostra, por exemplo,
que as mulheres já representam 43% dos advogados, mas o
rendimento delas equivale a
apenas 72% do que recebe um
homem na mesma ocupação.
A diferença na média de rendimentos do trabalho ocorre
também em profissões de menor qualificação. Um dos casos
mais desiguais é o de trabalhadores na agropecuária. Nessa
ocupação, a renda mensal das
mulheres é de apenas R$ 27,
ante R$ 190 dos homens.
Hildete, que já estudou as diferenças de gênero no setor rural, explica que o baixíssimo valor da renda das mulheres
acontece porque em muitos casos seu trabalho sequer é
remunerado.
A pesquisadora explica que a
diferença a favor dos homens
em trabalhos domésticos se deve a eles exercerem funções diferentes. "São jardineiros, motoristas ou acompanhantes que
acabam entrando na Pnad como trabalhadores domésticos",
afirma Hildete.
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