São Paulo, Segunda-feira, 08 de Março de 1999
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Adultos com déficit de atenção vão ter associação

da Reportagem Local

Se a memória está falhando, é difícil manter a atenção muito tempo no mesmo assunto e a vontade de falar poucas e boas está incontrolável pode não se tratar de estresse.
O diagnóstico pode ser o transtorno de déficit de atenção ou DDA (distúrbio do déficit de atenção, antigo nome do problema).
O distúrbio foi associado às crianças por muito tempo. Na década de 80, reconheceu-se a existência do problema em adultos.
A criança com DDA não pára quieta, tem problemas para aprender e acaba expulsa das brincadeiras porque não consegue aprender as regras. Essas crianças sofrem com a fama de mau comportamento e de hiperatividade. Suas atitudes são facilmente confundidas com traços de personalidade.
Para explicar e divulgar o DDA está sendo criada a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, semelhante à que existe nos EUA.
"O adulto que sofre com o DDA enfrenta dificuldades semelhantes às das crianças, mas em uma escala diferente. O adulto não consegue parar quieto, firmar a atenção em tarefas tediosas, tem um temperamento explosivo e acaba prejudicando até as relações interpessoais", diz o psiquiatra Paulo Mattos, organizador da associação.
Mattos diz que o déficit de atenção é herança da infância. "O DDA tem origem hereditária, não é um problema adquirido no meio. Parte do cérebro responsável pela atenção não funciona bem, daí o comportamento desatento", diz o psiquiatra infantil Francisco Assumpção, diretor do serviço de psiquiatria infantil do Instituto de Psiquiatria do HC da USP.
O tratamento em boa parte dos casos é com estimulantes. "O estimulante atua na parte do cérebro que não funciona bem. Quando volta ao funcionamento ideal, o sistema fica regulado", diz Assumpção.
Para Mattos, o problema é pouco conhecido no país. "Os adultos que têm o DDA confundem seus sintomas com a ansiedade. No caso deles, a ansiedade é o resultado do transtorno e não o oposto."
O diretor do Amban (Ambulatório da Ansiedade do HC da USP), Márcio Bernik diz que o transtorno é mais perceptível nas crianças. "O adulto sempre consegue mais controle sobre si mesmo", diz.


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