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PNEUMONIA ASIÁTICA
Queixas feitas na presença do ministro Humberto Costa e do secretário Luiz Barata criaram constrangimento
Médicos criticam falta de equipamentos do Emílio Ribas
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo sem ter todos os equipamentos necessários, a secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo anunciou ontem a disponibilização de mais 25 vagas do Instituto de Infectologia Emílio Ribas para casos da Sars, sigla em
inglês para a pneumonia asiática
-doença de causa misteriosa que
já provocou 98 mortes no mundo.
Durante o evento, do qual participaram o ministro da Saúde,
Humberto Costa, e o secretário
estadual da saúde, Luiz Roberto
Barradas Barata, o presidente da
associação dos médicos do instituto reclamou das más condições
da unidade da zona oeste da capital, referência no atendimento de
doenças emergentes.
"A unidade é precária do ponto
de vista das instalações físicas, das
condições de atendimento. Faltam recursos", disse Carlos Frederico Dantas Anjo ao secretário e
ao ministro, que estavam visivelmente constrangidos. Ele entregou um dossiê ao ministro com
um diagnóstico da unidade.
Faltam respiradores artificiais
para parte das 25 vagas -12 equipamentos estão funcionando, a
compra de seis está em licitação e
três foram comprados emergencialmente. Ainda falta comprar
quatro.
O diretor do instituto, Vasco Pedroso de Lima, relatou as dificuldades burocráticas para a aquisição de 25 filtros de ar para a área
de isolamento do hospital reservada para o atendimento de casos
da pneumonia asiática. Os quartos funcionam com pressão negativa -o ar não sai, evitando a
contaminação externa. Com filtros saturados, a pressão negativa
não funciona plenamente.
Desde janeiro o hospital tentava
trocar os filtros. Havia recebido
equipamentos errados. Os corretos só chegaram no sábado, depois que a Folha revelou que o
Emílio Ribas não poderia receber
pacientes com pneumonia asiática por causa desses problemas.
"Não adianta ter pressão negativa e não ter respirador", disse o
diretor da unidade, destacando
que a respiração artificial é imprescindível para alguns casos.
As assessorias de Costa e Barata
informaram que eles avaliarão o
material. Outros 44 leitos com
pressão negativa da rede pública
já estavam disponíveis para pacientes que aparecerem com a
pneumonia. Se surgirem muitos
casos, o atendimento também pode ser feito em áreas que só tiverem isolamento físico.
Segundo Anjo, houve cortes orçamentários que prejudicaram o
hospital. A unidade informou que
o repasse do Estado foi de R$ 22
milhões em 2002, reduzidos para
R$ 15 milhões em 2003 porque
muitas obras já tinham sido feitas.
O governo brasileiro espera receber amanhã uma resposta de
especialistas estrangeiros sobre o
caso da jornalista britânica que foi
internada em São Paulo com sintomas da Sars. A avaliação poderá
descartar ou não o caso, que desde sexta-feira é tratado como
"provável" pelo governo. Deixou
de ser "suspeito" por causa de
uma radiografia dos pulmões da
jornalista que mostrou inflamações características da doença.
Radiografia e alta
O governo decidiu enviar a radiografia à Organização Pan-Americana da Saúde para ter a
avaliação de médicos que já lidaram com vários casos. Independentemente do resultado, a jornalista deve ter alta na quinta-feira.
Ela está sem febre.
O paciente italiano que desembarcou anteontem no Rio com
sintomas semelhantes ao da
pneumonia asiática tem 95% de
chance de ter contraído uma
pneumonia bacteriana comum.
Ele não passou por países com casos autóctones da doença e sua radiografia é incompatível com outros casos da doença.
Tripulantes chineses de um navio estão impedidos de desembarcar no porto de Mangaratiba, a
70 km do Rio. A China é o país
que registra o maior número de
casos da doença.
Colaborou SABRINA PETRY, da Sucursal
do Rio
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