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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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PNEUMONIA ASIÁTICA

Queixas feitas na presença do ministro Humberto Costa e do secretário Luiz Barata criaram constrangimento

Médicos criticam falta de equipamentos do Emílio Ribas

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo sem ter todos os equipamentos necessários, a secretaria de Estado da Saúde de São Paulo anunciou ontem a disponibilização de mais 25 vagas do Instituto de Infectologia Emílio Ribas para casos da Sars, sigla em inglês para a pneumonia asiática -doença de causa misteriosa que já provocou 98 mortes no mundo.
Durante o evento, do qual participaram o ministro da Saúde, Humberto Costa, e o secretário estadual da saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, o presidente da associação dos médicos do instituto reclamou das más condições da unidade da zona oeste da capital, referência no atendimento de doenças emergentes.
"A unidade é precária do ponto de vista das instalações físicas, das condições de atendimento. Faltam recursos", disse Carlos Frederico Dantas Anjo ao secretário e ao ministro, que estavam visivelmente constrangidos. Ele entregou um dossiê ao ministro com um diagnóstico da unidade.
Faltam respiradores artificiais para parte das 25 vagas -12 equipamentos estão funcionando, a compra de seis está em licitação e três foram comprados emergencialmente. Ainda falta comprar quatro.
O diretor do instituto, Vasco Pedroso de Lima, relatou as dificuldades burocráticas para a aquisição de 25 filtros de ar para a área de isolamento do hospital reservada para o atendimento de casos da pneumonia asiática. Os quartos funcionam com pressão negativa -o ar não sai, evitando a contaminação externa. Com filtros saturados, a pressão negativa não funciona plenamente.
Desde janeiro o hospital tentava trocar os filtros. Havia recebido equipamentos errados. Os corretos só chegaram no sábado, depois que a Folha revelou que o Emílio Ribas não poderia receber pacientes com pneumonia asiática por causa desses problemas.
"Não adianta ter pressão negativa e não ter respirador", disse o diretor da unidade, destacando que a respiração artificial é imprescindível para alguns casos.
As assessorias de Costa e Barata informaram que eles avaliarão o material. Outros 44 leitos com pressão negativa da rede pública já estavam disponíveis para pacientes que aparecerem com a pneumonia. Se surgirem muitos casos, o atendimento também pode ser feito em áreas que só tiverem isolamento físico.
Segundo Anjo, houve cortes orçamentários que prejudicaram o hospital. A unidade informou que o repasse do Estado foi de R$ 22 milhões em 2002, reduzidos para R$ 15 milhões em 2003 porque muitas obras já tinham sido feitas.
O governo brasileiro espera receber amanhã uma resposta de especialistas estrangeiros sobre o caso da jornalista britânica que foi internada em São Paulo com sintomas da Sars. A avaliação poderá descartar ou não o caso, que desde sexta-feira é tratado como "provável" pelo governo. Deixou de ser "suspeito" por causa de uma radiografia dos pulmões da jornalista que mostrou inflamações características da doença.

Radiografia e alta
O governo decidiu enviar a radiografia à Organização Pan-Americana da Saúde para ter a avaliação de médicos que já lidaram com vários casos. Independentemente do resultado, a jornalista deve ter alta na quinta-feira. Ela está sem febre.
O paciente italiano que desembarcou anteontem no Rio com sintomas semelhantes ao da pneumonia asiática tem 95% de chance de ter contraído uma pneumonia bacteriana comum. Ele não passou por países com casos autóctones da doença e sua radiografia é incompatível com outros casos da doença.
Tripulantes chineses de um navio estão impedidos de desembarcar no porto de Mangaratiba, a 70 km do Rio. A China é o país que registra o maior número de casos da doença.


Colaborou SABRINA PETRY, da Sucursal do Rio


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