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ADMINISTRAÇÃO
Governo pretende implantar 30 unidades neste semestre, 20 delas na cidade comandada por Marta Suplicy
Lula privilegia SP com Farmácia Popular
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Considerada pelo próprio PT a
área de pior avaliação da prefeita
Marta Suplicy, a saúde da cidade
de São Paulo vai ganhar um reforço federal a seis meses das eleições
municipais. A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
programa Farmácia Popular, promessa da campanha presidencial
petista atrasada há pelo menos oito meses, começará pela capital
paulista nas próximas semanas.
Cercado de sigilo no Ministério
da Saúde, o Farmácia Popular nada mais é do que uma rede de farmácias públicas que venderão
medicamentos a preços mais baixos do que os da rede privada.
A aceleração do projeto, que
coincide com o calendário eleitoral, foi uma ordem de Lula ao ministro da Saúde, Humberto Costa.
Ele quer 20 unidades funcionando na cidade de São Paulo nas
próximas semanas. Outras dez seriam implantadas no Rio de Janeiro e em duas capitais administradas pelo PT: Recife e Goiânia.
Pelo plano que repousa na mesa
do ministro, os preços seriam, em
média, 40% mais baixos do que os
dos remédios vendidos em drogarias comuns. O público alvo do
programa são as classe média e
média baixa, expulsas nos últimos
anos dos planos de saúde privados e que hoje disputam com os
mais pobres vagas e remédios nos
postos municipais e estaduais.
As primeiras unidades do Farmácia Popular serão construídas
em grandes avenidas da capital
paulista, a maioria na região central. Os locais serão definidos
após a prefeitura decidir qual será
sua contrapartida -se cederá os
terrenos, funcionários ou os dois.
O Ministério da Saúde não deu
informações sobre o Farmácia
Popular. Limitou-se a dizer que
será lançado "em breve".
Dirigentes petistas identificaram três grandes preocupações
entre os brasileiros que elegerão
os novos prefeitos em outubro:
segurança, desemprego e saúde.
Suas pesquisas internas revelam o
mesmo panorama que se extrai
das planilhas do último levantamento do Datafolha, publicado
duas semanas atrás.
O sistema de saúde municipal é
muito mal avaliado pelos paulistanos. Apenas 12% dizem que os
serviços são ótimos ou bons. Mais
da metade dos entrevistados
(55%) diz que são ruins ou péssimos. E a avaliação vem piorando
a cada pesquisa, deixando nítidas
as diferenças com os projetos
prioritários da administração. É o
caso dos CEUs, os "escolões" da
periferia. A área de educação tem
uma avaliação positiva seis vezes
maior do que a da saúde. "Esse é o
resultado das prioridades escolhidas por Marta", afirma Eduardo
Jorge, ex-secretário da Saúde demitido no ano passado.
A estratégia petista é minimizar
esses problemas com a chegada
do Farmácia Popular. Um assessor próximo à prefeita afirma que
a saúde não vai eleger ninguém
neste ano, mas que também não
vai atrapalhar.
Os problemas -filas intermináveis, remédios em falta e hospitais sem médicos- não são novos. Arrastam-se há várias administrações. Mas podem dificultar
a reeleição de Marta, ao afastar
grupos tradicionalmente ligados
ao PT. "As pessoas não encontram atendimento digno nos hospitais. Esperávamos uma mudança de qualidade na gestão petista",
critica Celina Maria de Oliveira,
dirigente da União dos Movimentos Populares de Saúde da Cidade
de São Paulo, que organizou manifestação na Praça da Sé ontem.
Privilégio
Esta não é a primeira vez que o
governo Lula privilegia administrações petistas. De janeiro de
2002 a junho de 2003, o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) emprestou R$ 741,3 milhões à Prefeitura de São Paulo -80,6% do total desembolsado pela estatal para
investimentos em municípios.
No último domingo a Folha revelou que a gestão Lula aumentou
em 84,1% os empenhos de verbas
de acordos, convênios e ajustes
feitos entre a União e os Estados
governados pelo PT. No mesmo
período, houve uma redução de
3% dessas transferências no país.
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