São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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FEBEM

Escapada de 128 adolescentes internos anteontem foi a maior da história do complexo; 60 foram recapturados ontem

Franco da Rocha tem 2ª fuga em dez dias

DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas dez dias depois da fuga de 109 adolescentes das unidades 21, 25 e 29 do complexo da Febem em Franco da Rocha (Grande SP), outros 128 internos das mesmas unidades promoveram uma escapada em massa na noite de terça-feira. Desses, 60 foram recapturados e 38 foram transferidos para o complexo Raposo Tavares no final da tarde de ontem.
A fuga de anteontem foi a maior da história do complexo.
Os adolescentes que não conseguiram fugir iniciaram uma rebelião que vitimou oito funcionários, com pancadas na cabeça e cortes pelo corpo.
Ontem, dois deles continuavam internados. O ferido mais grave, Moisés Vieira Pedrosa, 23, internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí (SP), teve múltiplas contusões abdominais provocadas por facas improvisadas. Seu estado era estável.

Denúncias
A maioria dos funcionários feridos é do grupo de apoio da Febem, conhecido como "choquinho", pois utilizam indumentária e escudo semelhantes aos da tropa de choque da Polícia Militar.
Conceição Taganele, 48, presidente da Amar (Associação de Mães e Amigos da Criança e do Adolescentes em Risco), afirma que tinha certeza de que algo aconteceria aos internos. "Existe grande rivalidade entre os meninos e esse grupo, que entra na Febem para torturá-los", disse.
"Querem desmoralizar o corpo funcional, que é perseguido. Quem tem o comando da casa são os adolescentes do crime organizado, que agridem os outros jovens", disse Antônio Gilberto da Silva, presidente do sindicato dos funcionários da Febem.
A conselheira tutelar Marina de Lourdes Onofre, 39, membro da Comissão de Medidas Socioeducativas, esteve em Franco da Rocha há menos de um mês e afirma que muitos adolescentes apresentavam marcas de agressões pelo corpo. "Eles estavam feridos e disseram para mim: "Logo, isso aqui vai virar, não agüentamos mais esses demônios". Eles se referiam ao pessoal do choquinho."
A Febem afirma que todas as denúncias recebidas são investigadas e que os seus responsáveis são punidos. Até o final de março deste ano, cerca de 280 sindicâncias foram abertas para a apuração de denúncias.


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