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FEBEM
Escapada de 128 adolescentes internos anteontem foi a maior da história do complexo; 60 foram recapturados ontem
Franco da Rocha tem 2ª fuga em dez dias
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas dez dias depois da fuga
de 109 adolescentes das unidades
21, 25 e 29 do complexo da Febem
em Franco da Rocha (Grande SP),
outros 128 internos das mesmas
unidades promoveram uma escapada em massa na noite de terça-feira. Desses, 60 foram recapturados e 38 foram transferidos para o
complexo Raposo Tavares no final da tarde de ontem.
A fuga de anteontem foi a maior
da história do complexo.
Os adolescentes que não conseguiram fugir iniciaram uma rebelião que vitimou oito funcionários, com pancadas na cabeça e
cortes pelo corpo.
Ontem, dois deles continuavam
internados. O ferido mais grave,
Moisés Vieira Pedrosa, 23, internado na Unidade de Tratamento
Intensivo do Hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí (SP), teve
múltiplas contusões abdominais
provocadas por facas improvisadas. Seu estado era estável.
Denúncias
A maioria dos funcionários feridos é do grupo de apoio da Febem, conhecido como "choquinho", pois utilizam indumentária
e escudo semelhantes aos da tropa de choque da Polícia Militar.
Conceição Taganele, 48, presidente da Amar (Associação de
Mães e Amigos da Criança e do
Adolescentes em Risco), afirma
que tinha certeza de que algo
aconteceria aos internos. "Existe
grande rivalidade entre os meninos e esse grupo, que entra na Febem para torturá-los", disse.
"Querem desmoralizar o corpo
funcional, que é perseguido.
Quem tem o comando da casa são
os adolescentes do crime organizado, que agridem os outros jovens", disse Antônio Gilberto da
Silva, presidente do sindicato dos
funcionários da Febem.
A conselheira tutelar Marina de
Lourdes Onofre, 39, membro da
Comissão de Medidas Socioeducativas, esteve em Franco da Rocha há menos de um mês e afirma
que muitos adolescentes apresentavam marcas de agressões pelo
corpo. "Eles estavam feridos e disseram para mim: "Logo, isso aqui
vai virar, não agüentamos mais
esses demônios". Eles se referiam
ao pessoal do choquinho."
A Febem afirma que todas as
denúncias recebidas são investigadas e que os seus responsáveis
são punidos. Até o final de março
deste ano, cerca de 280 sindicâncias foram abertas para a apuração de denúncias.
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