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Tráfego aéreo tem deficiência de aparelhos
Além da crise aérea, falta de equipamentos para auxiliar tripulação e defasagem tecnológica comprometem segurança dos vôos
No ano passado, a Aeronáutica admitia que 40 aparelhos de auxílio à navegação de pilotos estavam sem funcionar
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de aparelhos básicos
para auxiliar pilotos, a defasagem tecnológica dos que existem e a demora para repará-los
são sinais de que os passageiros
de avião no Brasil não têm por
que esperar boas condições para voar mesmo quando -e se-
for resolvida a disputa entre
controladores e Aeronáutica.
No terceiro mais movimentado aeroporto do país, em Brasília, comandantes não se cansam de reclamar da inoperância de um instrumento básico
para a orientação dos pousos
em uma das cabeceiras da pista
-e que deveria indicar a inclinação do avião na descida.
No Rio, pilotos contestam a
demora para que uma gravação
eletrônica das condições meteorológicas do aeroporto seja
consultada no ar.
Em São Paulo, líder em movimento aeroportuário, equipamentos para orientar acessos
às aerovias aguardam há anos
soluções definitivas de reparo.
Os problemas são citados
diariamente por profissionais
da aviação como agravantes potenciais dos atrasos nos vôos
-e até de riscos à segurança.
Em novembro de 2006, a Aeronáutica admitia ter 40 aparelhos de auxílio à navegação de
pilotos e outras 24 freqüências
da comunicação terra-ar sem
funcionar no país -4,9% e
2,4% do total, respectivamente.
Nas últimas semanas, a instituição passou a se recusar a revelar os números atualizados.
Só diz, em nota, que as informações são restritas "à área de manutenção" -e não públicas.
Precisão do pouso
Em Brasília, a deficiência citada por pilotos e admitida extraoficialmente por oficiais da
Aeronáutica é em uma das funções do ILS (Instrument Landing System) da cabeceira 29.
O ILS é um sistema difundido no mundo inteiro para a
orientação precisa do pouso.
Sem ele -ou com uma das funções prejudicadas-, os pousos
perdem precisão e dependem
mais da visão e das mãos do piloto. O problema pode inviabilizar as operações em dias de
neblina, por exemplo.
O mesmo equipamento ficou
um mês quebrado semanas
atrás no aeroporto de Cumbica,
em Guarulhos (Grande SP).
O Brasil tem diversos aeroportos de porte significativo e
que nem sequer têm ILS. O comandante Célio Eugênio de
Abreu Júnior, assessor de segurança de vôo do Sindicato dos
Aeronautas, afirma que ao menos sete aeroportos de capitais
brasileiras ainda não estão com
esses equipamentos, incluindo
Vitória e Aracaju.
As despesas do programa de
segurança de vôo e controle do
espaço aéreo brasileiro programadas para este ano devem ficar perto de R$ 550 milhões.
Já os investimentos nos aeroportos -a maioria dos quais
visando a ampliação de capacidade e conforto dos passageiros- acumulam quase R$ 3 bilhões em quatro anos e podem
passar de R$ 1 bilhão em 2007.
Ronaldo Jenkins, coordenador de segurança de vôo do
Snea (sindicato das empresas
aéreas), diz ser "triste" a constatação de que há aeroportos
sem nem ao menos ter aparelhos de auxílio dos pousos.
Outro lado
A assessoria de imprensa da
Aeronáutica informou que há
planos de médio prazo para
equipar os aeroportos que não
dispõem de ILS e modernizar
outros aparelhos do tráfego aéreo. Ela afirmou ainda haver
restrições geográficas de funcionamento de equipamentos
em alguns lugares onde eles
não foram instalados.
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